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domingo, 30 de junho de 2013

Esboço de um Final

Queria eu ser melhor
Para te ver chorar
Pelas minhas palavras

Que de tão grandes
Te fizeram pequeno
Para me dar teu amor

Sou gigante
Minha vida é curta
Você não se importa

Não existem finais
Nem beijos
Nem despedidas
Nem Adeus

Existem laços
Que se findam
Quando começam
A ser forçados

Existia a confiança
Que de tão fraca
Morreu antes de virar rainha
Da nossa relação acabada

Atrasado

É noite, sempre escurece
Teu sol se põe no horizonte dos meus sonhos
Minhas utopias infundadas
As palavras que não te disse

O amor que morreu sem ter nascido
Você é tudo o que eu queria
Eu sou tudo aquilo que não foi vivido

Esquecemos de ser pontuais
Deixamos nossos corações de lado
Não existe saudade
Só essa imensa impressão
De que algo está muito errado

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Os Nós

Ele chega, fecha a porta, me abraça. No emaranhado dos nós dos meus neurônios enleados, eis que me encolho. Os braços dele me apertam, tiram de mim a liberdade de estar só. No celular, mensagens de ontem. Ele diz que me ama, eu envio de volta uma sequência infinita de "eu tambéms". Na cama, lençóis desarrumados. Ele respira no meu ouvido, como se me beijasse os tímpanos. Mas no emaranhado de nós dos meus nervos enleados, eis que me reprimo. A respiração dele me tira o silêncio, a liberdade de dormir em paz. Na geladeira, alguns sushis de ontem. Ele fez especialmente pra mim, eu agradeço mas não como. É o amor tirando sarro do meu desejo envelhecido. Ele acorda, as mãos famintas. Não faz isso, amor. Por que não? Não faz isso, quero dormir. No emaranhado dos nós dos meus hormônios enleados, algo arde. Lá depois da milésima parada depois que Judas perdeu as meias, alguma brasa é lembrada. Quase como um furor. Quase como uma vontade. Quase como uma paixão violenta, gritando por prazer. Para com isso, amor. Me deixa dormir. Ele vira de costas, adormece frustrado. Eu ponho os fones de ouvido, não adormeço, agitada. No emaranhado de nós dos meus pensamentos enleados, eis que me preocupo. No lado de for da janela tem um mundo inteiro de problemas não resolvidos. Milhares de pessoas que giram. Milhares de animais que morrem. Milhares de dólares engrandecendo a economia. O dia de ontem foi pesado, preciso adormecer. Ao meu lado, o homem que até ontem era o amor da minha vida. Na minha frente, um caminho cheio de pedras, questões, choros, amores. Não durmo. Há algo que precisa ser feito. Não penso. Meus nós se entrelaçam, um a um. Ele não percebe, me ama mesmo dormindo. Eu não percebo, me esvaio, mesmo acordada. No outro dia, penso que deve ser assim que um copo cheio de água se sente quando é esvaziado, lentamente.

Desespero

Não vejo sentido na vida e talvez seja por isso que ela não vê sentido em mim. Não importa o quanto as minhas lágrimas pesem, o quanto o meu coração seque, o quanto a minha alma encolha. Deus deve estar esperando de braços abertos em algum lugar, enquanto eu estou ocupada demais andando em círculos, batendo com a cabeça na minha própria bunda. Como se isso fosse a coisa mais inteligente a se fazer. Mas sou humana, limitada e egocêntrica. Deus é bom, por que sabe ter paciência. Eu sou nada, por minha natureza. E você, o que é?

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Reflexões sobre a Obesidade

Não chove mais no mundo. O que acontece é que, com essa história de aquecimento global, o planeta criou glândulas sudoríperas. A Terra está suando. O homem chora. Eu olho para as janelas de vidro, com seus pingos diminutos. Vejo que tem mais numa gota de chuva, do que jamais o homem verá a olho nu. Não vejo, mas sinto. Sinto as galáxias tremendo na gota de suor. O planeta está cansando, como um velho gordo na academia. Tem pêlos, cheira mal, sofre de espasmos. Eu, que sou eu? Um grão de areia no deserto. Massificada em dunas que não se modificam. Daí vem o vento do oeste e nos empurra em outra direção, e nós vamos. Pequenos grãos de areia se movimentam em uníssono. Somos uma duna, juntos. Todos iguais. Só não sabemos.

Pequenices

O homenzinho pequeno corria sem direção.
Procurava por escadas, não via nada no alto de seus cinquenta centímetros.
Ser inteligente vale mais.
A altura nos tira a humildade.
Você esquece de ser você e passa a ser alguém que os outros querem que você seja.
Outos, sempre os outros.
Sua vida passa a ser uma filmagem monótona que vem do projetor do seu pai.
Sua mãe arruma seu cabelo.
Seu tio lhe dá um conselho amoroso.
Seus amigos curtem no facebook.
Você é o que eles querem que você seja.
O homenzinho não.
O homenzino só queria uma escada.
O homenzinho, de tão pequeno, sofria as crueldades dos altos.
Ser privilegiado é uma benção
Ser privilegiado é a maldição dos mal aventurados.

Rodapé

Morrer não é uma solução, é uma escapatória.
Você não percebe isso, você só sente dor.
Morrer não vai fechar a ferida, não vai cicatrizar, não vai virar uma memória.
Morrer é deixar a ferida aberta aos vermes
E ainda assim permanecer indiferente

Viver é mais complicado, exige esforço
Seus pulmões precisam de ar
Seus passos precisam de equilíbrio
Seu coração precisa de limites
Mas para Deus somos incríveis
Você não vê a vida pulsar, por que a morte parece ser mais elegante.

Caminho refinado, sem batalhas sangrentas
Morrer é dar um passo incerto ao infnito
E nunca mais ter de dar explicações
É o ato supremo do desespero por liberdade
Morrer é lindo
Mas o homem é orgulhoso
E prefere viver uma vida de martírio
A passar uma morte inteira
Sem cantar a própria felicidade

domingo, 2 de junho de 2013

Sozinho

Você sente a vida pulsando nos seus ouvidos ou ainda consegue andar solitário por essas ruas iguais?
Eu não me sinto solitária, sou apenas sozinha.
Éramos bons nisso.
Eu e você.
Era bom ficar sozinhos, quando estávamos juntos.