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segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Futilidade

Qual é a função essencial da tristeza? Quer dizer, além de nos fazer ter um buraco imenso no estômago e uma vontade imensa de chorar. Qual é a função da alegria? Tem cura? Por que temos emoções? Por que não podemos viver para sempre nos contos felizes da publicidade brasileira? Por que eu não posso ser como a moça de dentes brancos que come margarina suave e elegantemente às oito da noite antes da novela começar? As coisas seriam mais fáceis.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Submarine

As coisas nem sempre são como a gente quer. Mas a vida é engraçada. Quer dizer, você tem muitas opções. Você pode lutar. Você pode aceitar. Você pode chorar. Ou você pode morrer. Mas morrer não é uma escolha, é uma covardia. A menos que você não seja suicida. Sejamos sinceros: Todos somos suicidas.

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Astrologia: Libido not found

A dinamização da libido. Marte em sextil com Vênus natal. Entre os dias 12/09 (Hoje) e 27/09, o planeta Marte estará formando um ângulo harmonioso em relação ao planeta Vênus do seu mapa astral, Sara. Este tende a ser um período particularmente positivo para o sexo, o prazer, uma fase em que você provavelmente sentirá que está irradiando um magnetismo pessoal maior, e de fato estará... Convém aproveitar o momento, circular mais, fazer-se ver, exibir-se um pouquinho não faz mal ninguém, afinal de contas. O magnetismo pessoal irradiado neste momento vai bem além da mera esfera sexual, entrando em todas as suas áreas sociais, do trabalho às amizades. As pessoas estarão percebendo em você um "tesão maior" para fazer as coisas, uma percepção de que você estará tendo mais prazer em viver a vida. E você, é claro, poderá contagiar positivamente os outros com esta qualidade, neste momento.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Part II

"Eu gostava de lugares altos, gostava de me sentir livre e acima do que a vida subur-bana me proporcionava. Em outras palavras, eu gostava de me sentir alta e grandio-sa. Eu praticamente podia sentir a cidade inteira vibrando abaixo dos meus pés en-quanto saltava de um prédio para o outro, sem ser vista. As pessoas estavam muito ocupadas com suas vidas para olharem para o alto e me perceberem ali: saltitante e impossível. Nem mesmo as freiras que eram tão incrivelmente rigorosas, notavam minha falta. Ninguém ouvia meus passos, ninguém me enxergava. A única amiga que eu tive desde que fui jogada naquele lugar, foi uma criança de sete anos que, em apenas um mês de amizade, foi embora com um casal rico e alegre. Eu gostava da solidão: Me fazia sentir especial, independente, adulta. Ter passado a minha pré-adolescência lendo ou quebrando as regras do orfanato me transformou em quem eu era agora, em quem eu queria ser. E o meu querer não ti-nha limites. O que é meio perigoso quando se tem quinze anos. Não que eu quisesse ser a Barbie ou a Fada da floresta – por que acredite, esse é o sonho das outras três milhões de adolescentes desse país. Na verdade, eu queria justiça. Colocar as mi-nhas mãos onde ninguém mais colocava. E por isso, tudo era tão complicado. Eu aprendi, nas ruas, a lutar, a pular, a me esconder, a negociar. Eu não usava dro-gas ( a menos que você considere aqueles cogumelos do ano passado, e admito que me arrependo: as porcarias não tinham funcionado pra nada). Eu não costumava beber. E eu não ligava muito para garotos. Ainda. Mas se tinha algo que me divertia muito mais do que passar horas com a cabeça a-fundada em livros de aventura, era lutar. Eu tinha uma parcela considerável de ener-gia acumulada dentro do meu organismo, que parecia se renovar a cada amanhecer glorioso. Eu tenho certeza de que, se eu tivesse a sorte de ter sido adotada por al-gum casal rico na minha infância, eu provavelmente tivesse me tornado uma campeã de algum esporte para olímpico ou de alguma arte marcial. Tipo o judô ou o kung-fu. Na verdade, eu tenho certeza que poderia ter crescido feliz e satisfeita em meio aos tatames de Box. Eu poderia ter feito muitos nocautes na minha vida. Eu poderia ter apanhado muito e ter batido muito também. E, no meu quarto azul marinho, eu teria uma estante inteira de medalhas e troféus de campeonatos regionais e interna-cionais. Claro, isso só ficava na minha cabeça em algumas noites, quando eu comia aquela gororoba de alguma coisa com feijão e depois dormia. Só de vez em quando, quando as noites ficavam mais escuras e a lua não aparecia e fechar os olhos fazia tudo parecer mais difícil. Só de vez em quando eu sonhava: Eu era uma guerreira, e guerreiros não tem tempo para desalentos. Ou coisas de mulher. Não que eu não fosse uma mulher. Mas hey, você tem de concordar comigo: Ser mulher hoje em dia é uma babaquice sem tamanho. Quer dizer, você precisa gastar muito tempo com coisas inúteis para ser considerada uma mulher bem sucedida. Tipo maquiagens ou homens. Eu simplesmente não preciso dessas coisas. Me dê um arco e flecha, e eu darei a você uma guerra inteira".

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Folha de Pagamento

O que nos torna dignos de algo? O que significa a frase "fazer por merecer"? Será que os filhos e filhas do Eike Baptista, do Silvio Santos, do Bill Gates, da Madonna, da Angelina Jolie, do Luciano Huck ou de qualquer outra pessoa das classes "A" e "B" são merecedores desses berços de ouro? Será que tem algum trabalho, alguma prova, como um concurso de eliminação, que realizamos antes de nascer? Por que as crianças pobres são ensinadas desde pequenas que são culpadas por sua prórpria miséria? Por que mendigos que passam fome nas ruas são acusados de vagabundos e descarados? Por que temos que trabalhar uma vida inteira e, muitas vezes, morremos achando que nunca fomos nem seríamos merecedores de nada? E quando já se nasce rico, somos merecedores de que? Quais são nossos méritos, nossos prêmios? Qual vai ser a nossa luta? Por que somos praticamente obrigados a pensar que trabalhamos demais e valemos de menos pro mundo? Somos como um fardo nas costas de nossos chefes, de nossas famílias, de nosso planeta. Por que a pobreza, nela mesma, é tão mal tratada? Por que a riqueza é tão super estimada? Quanto mais o nível de vida cresce, mais crescem os números de suicídio. Só estava aqui, olhando minha folha de pagamento e me perguntando se é esse o meu valor. Só estava aqui, não entendendo carlhada nenhuma da vida social do ser-humano. De novo.