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sábado, 22 de maio de 2010

Correntes

Alguém por favor poderia comunicar ao meu carrasco que eu quero vê-lo?

Pois creio que esse costume de autopunição já não cause os mesmos efeitos que causavam há algum tempo atrás.

Os efeitos de culpa e medicamento. Os mesmos efeitos que me levavam à aprendizagem.

Hoje eu não posso usufruir daquele privilegio.

Talvez o comportamento se adapte mais facilmente que a mente em si.

E é assim que os segundos passam: espremidos por entre o minúsculo espaço que há entre o ferro e a minha pele.

O mesmo ferro que pesa sobre meus pulsos e tornozelos. A mesma corrente que contrai meu crânio para trás e o deixa em completa desordem.

E não existem rachaduras para que eu possa me libertar. Também não existe um consentimento correto entre meu desejo e minha consciência.

O pior do que não ter o poder, é tê-lo e saber que não pode usá-lo. Essa situação é sufocante, asfixiante. Terrível.

Agora, alguém poderia chamar o meu carrasco, para que isso se torne mais suportável, por favor?

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