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sexta-feira, 18 de outubro de 2013
Ain't Fun - Paramore
Nunca fui boa em matemática. Nunca gostei de cozinhar. Meus animais acabavam sempre ou morrendo ou fugindo. Meus sims acabavam afogados ou incendiados ou morrendo de fome. Meus talentos na escola eram parcos. Meus dentes eram e continuam sendo tortos. Meus olhos são míopes. Meu nariz é proeminente. Mas se tem uma coisa na qual eu sempre ganhei de todo mundo, era a leitura. Eu lia tudo que me pusessem na frente. Desde outdoors até a enciclopédia. Eis que descobri o que sabia fazer: Fugir da realidade. E cara, como isso é bom. Ficar por horas vivendo a vida de outra pessoa. Já fui de tudo nesses meus dezenove anos que em breve se acabarão: Fui vampira, homem, criança, lobisomem, fada, bruxa, cancerígena, promíscua, prostituta, velha, imortal, loira, ruiva, morena, negro. E sempre foi incrível pra mim. O meu problema é quando tenho que ser eu. Sara. Com todo meu nome junto. Sara Aline Ribeiro de Senna. O nome composto me dá certa possibilidade a mais. Encarno meus personagens. Segunda eu sou sombria. Terça eu sou romântica. Quarta eu sou dramática. Quinta eu sou rebelde. Sexta eu sou preguiçosa. Sábado eu sou francesa. Domingo eu sou poeta. E quando eu sou eu? Deixo para ser eu apenas quando a vida vem e me dá um tapão na cara. Deixo para ser eu quando tenho que esquecer que não sou quem eu queria ser e passo a ser quem eu tenho que ser de verdade. Eu. Eu humana, mulher, brasileira, pacata, mentirosa, imperfeita, Sara Aline Ribeiro de Senna. Com todas as letras e espinhas. Com todas as dores e próteses. Com todo um passado e uma história difícil. Deixo pra ser eu em entrevistas de empregos, inscrições de concursos e textos escondidos. Deixo para ser eu, justamente quando já estava tão feliz fingindo ser outra pessoa. Esse é o mundo real. E, como diria Hayley Williams, eu não posso ir chorar para a minha mamãe.
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