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sexta-feira, 8 de abril de 2011

Pesada

Ano passado muitas pessoas me diziam que aquela seria a época mais difícil da minha vida. Eu discordo totalmente. Estar em um momento onde o vestibular é o pior medo da sua vida não é nada, nada comparado ao que tem acontecido ultimamente.
Não é nada fácil ver uma pessoa que é tão importante pra mim estar deitada em uma cama de hospital, correndo risco de vida. E o pior de tudo: o fato de que ha muito pouco que se possa fazer para mudar isso.

Talvez seja obra do destino, talvez tudo isso tenha que acontecer para o crescimento de todos que nos afetamos por isso. Mas eu não posso negar que, ultimamente, muitos acontecimentos "fortes" tem aparecido. Em menos de um mês, eu me deparei com um homem que, ao que tudo indica, era traficante de drogas e de armas; eu tive que me acostumar ao mundo da universidade onde é cada um por si e Deus por todos; eu tive que ver minha melhor amiga em um estado de risco e no meio disso tudo, tentar manter a esperança e o bom humor.

Mas, apesar de ter acabado de afirmar que eu tento manter o bom humor, isso não é verdade. Normalmente eu costumo me deixar cair em questão de segundos, pensando em todas as possibilidades pessimistas e possivelmente aceitando e xingando o destino que tanto tenta me vencer. Bem, eu disse que isso acontece normalmente. Mas não dessa vez. Por que, seja por sorte, seja por alguma obra divina, eu tenho uma espécie de estimulante que não permite que eu caia tão facilmente. Eu tenho algo que me faz perceber que pra que eu possa fazer e trazer o bem, eu preciso estar bem.

Eu tenho tu.

E isso é uma coisa com a qual eu ainda tenho de me acostumar.

Tu olha pra mim, com aquela expressão de preocupação suprema, dizendo coisas que eu sei que devo fazer mas me nego pelo fato de querer ter uma automutilação digna dos dramas de Shakeaspeare: "Tu precisa se alimentar, tu precisa dormir, tu precisa descansar, tu precisa estudar, tu precisa ficar bem, vai dar tudo certo, tu vai ver como tudo vai acabar bem, eu vou estar aqui por ti... Como tu vai poder ajuda-la se ficar mal? Como as coisas vão dar certo se tu não acreditar?"

Bla, bla ,bla.

Eu odeio isso. Eu odeio ficar bem e ter um pouco mais de esperança. Eu sinto falta de quando tinha que me auto aconselhar e confortar, suportando a dor sozinha. Agora tu simplesmente aparece e faz com que isso seja mais suportável. E eu odeio isso. Odeio o poder que tu tem de tocar na minha vida e fazer com que tudo melhore.
O pior de tudo, é que essa não é a primeira vez que tu aparece pra me socorrer. Tu sempre aparece. Ate quando eu não quero, quando eu não chamo.Principalmente quando eu não chamo.

A tristeza que invade meus pensamentos, o medo de perder alguém que eu tanto amo, a dor de ver o sofrimento dos meus amigos... Isso pesa tanto dentro de mim, me faz ficar tão angustiada, tão assustada com a fatalidade que nos cerca. Parece que eu não vou ser forte o suficiente pra aguentar, pra ficar aqui. Talvez eu esteja fazendo drama, mas é que so de pensar na dor de alguém que eu amo, faz com que eu sofra em dobro o que sofreria se fosse comigo mesma. Antes eu, do que qualquer outra pessoa importante pra mim. Mas tu me incentiva a continuar persistindo. Tu me faz querer ficar de pe, quando o normal seria que eu caísse. Tu me da energia, quando tudo parece desabar. E eu te devo tanto por isso...

Eu caio, mas caio nos teus braços e tudo fica mais fácil. Eu me torno extremamente dependente e vulnerável. Me deixo ficar ali pelas horas intermináveis e injustamente rápidas, tentando absorver o Maximo de todo esse apoio. E eu me sinto pesada, mas ao mesmo tempo, leve. Me sinto triste, mas ao mesmo tempo, reconfortada.

Se houvesse uma palavra que exprimisse o quanto eu sou grata por tu estar ali por mim, pode ter certeza que eu a diria repetidas vezes, mas infelizmente ela ainda não foi inventada. Então tu vai ter que se contentar em ouvir um tímido "Obrigada" ou um repetido "Eu te amo", por que são ditas de verdade.

Obrigada.

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