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terça-feira, 10 de dezembro de 2013
Gratidão
Qual o sentido do texto?
Agradecer.
A gratidão precisa vir do coração, você precisa sentir isso em cada centímetro do seu corpo. Como uma fagulha crescendo de dentro, vindo das veias, incendiando todas as babaquices e renovando todas críticas
Agradeça.
Faz bem à saúde e é de graça.
Novos Ares
Como vai você? What's up? Ça vá?
Só queria dizer que estou pensando com todas as forças existentes nas minhas células em abandonar esse blog. Não por falta de texto ou criatividade (er), mas simplesmente por que quero coisas novas. Sei lá, falar de outras coisas, ter um papo direto com o leitor. Isso aqui virou um diário secreto, quase um cemitério, quase um balde de lágrimas. O mais próximo que eu já cheguei de uma auto-biografia, só que na versão mal escrita e extremamente juvenil.
Então, é.
Essa é a minha ideia.
Um novo blog, sem mimimi da autora.
Ok.
Terá mimimis.
Mas não somente isso.
É.
Holiday
Sim, essa foi a minha reação ao ver as notas publicadas.
domingo, 24 de novembro de 2013
Nove Horas
domingo, 20 de outubro de 2013
Anemia
Minhas veias estão abertas ao futuro. Não me sinto mais dissipada ou esquartejada. Não me sinto mais como se estivesse perdida ou fora de mim. Não me sinto como uma estranha, agora posso dizer que me conheço. Você foi embora como se os sentimentos fossem obstáculos que podemos simplesmente superar. Como uma queda da qual você levanta e segue em frente sem olhar para trás. Não, isso não se aplica a pratica. Não, não me importa quantas vezes você diga que sim, todos nós sabemos que esquecer só funciona na teoria. E Alzheimer que me perdoe, mas a alma nunca vai conseguir apagar o que a mente insiste em destruir. Não podemos fazer de conta que não sabemos, não podemos simplesmente não olhar. Mas fazemos isso.
Eu, você, os outros.
Não deveríamos ser pessoas frágeis com um coração pesado demais para ser carregado. Mas somos. O mundo está cheio de super-heróis, super-amantes, super-pais, super-namorados, super-filhos, super-amigos. Estamos lotados, afogados em palavras vazias. Somos jogados em espiral para dentro de um buraco negro de esquizofrenia. A claridade anêmica que não ilumina a vastidão do escuro dos ignorantes. E que podemos fazer? Não podemos. Mas fazemos.
Eu.
Você.
Os outros.
sexta-feira, 18 de outubro de 2013
Ain't Fun - Paramore
quarta-feira, 2 de outubro de 2013
Paracetamol
Redemoinho
segunda-feira, 23 de setembro de 2013
Futilidade
terça-feira, 17 de setembro de 2013
Submarine
quinta-feira, 12 de setembro de 2013
Astrologia: Libido not found
quinta-feira, 5 de setembro de 2013
Part II
segunda-feira, 2 de setembro de 2013
Folha de Pagamento
quinta-feira, 22 de agosto de 2013
Vingança
Mudança
quarta-feira, 21 de agosto de 2013
Aquilo Que Eu Sei
sábado, 17 de agosto de 2013
Sinceridade
Nem discreto
Nem elegante
Mas eu o achava lindo do mesmo jeito
O que as revistas não entendiam,
É que o fogo dos olhos dele
Tinham o poder
De torná-lo bonito por inteiro
Setembro
Sem perigo,
Nem dinheiro
Mas sim com um prazer imenso
De ter um ao outro
Tínhamos algumas
Certezas confusas
E um desejo flamejante
Nas nossas brigas
Nos nossos beijos
Mal sabíamos
Que a vida mais é um jogo de lógica
Do que um filme de comédia
Ou um eterno calor
Florido de setembro...
Futuro do Pretérito
Que teu cabelo não se arrume
Que teus olhos não se apaguem
Que tua alma, assim perdure
Te espero numa esquina
De um futuro incerto
Te sonho numa rua
De um passado ainda perto
Te quero por inteiro
Embrulhado como deixei
Com fitas coloridas
E dentro da barriga, um rei
Te quero irritante
Imperfeito e indomável
Como o fantasma do passado
Que um dia eu tanto amei
terça-feira, 13 de agosto de 2013
Vampire Academy <3
segunda-feira, 5 de agosto de 2013
Garfield, Paramore e Hematomas
Sinto saudade do tédio, aquele espaço de tempo infinito e arrasador que me tirava a paciência. Sinto falta da liberdade de se ter todo o tempo do mundo pra fazer qualquer coisa idiota e, ainda assim, não ter nada pra fazer. Sinto falta de relações na internet, pessoas desconhecidas, timidez, balões, pureza, melancolia, evanescence, esperança, frango desfiado sem culpa, queijo derretido inocente, coisas que agora já não parecem mais as mesmas.
Não sei como funciona isso com os outros, mas comigo continua sendo confuso. Eu, que sempre fui uma sofredora da síndrome de Peter Pan. Eu que queria manter meu corpo de criança, abrir minhas asas e sair voando pelos portões celestiais da Terra do Nunca. Mas a vida não é assim. Depois que meus olhos se abriram pra certas coisas, nunca mais conseguirão fechar novamente. Isso é um problema. Nunca mais o Mc Donald's foi o mesmo pra mim. Vocês tem ideia de como é ruim não conseguir pensar num hamburguer sem sentir náuseas? E, pior do que isso, se sentir totalmente fora do lugar. Sempre reclamei de ser deslocada, excluída, diferente. Fiz de tudo para ser normal. E fazer de tudo, tornou-me exatamente o oposto.
Meu vídeo-game está empoeirado. Minha leitura atrasada. Minha alimentação vegetariana, corrompida pela economia escassa. Meu amor, sonolento. Minha raiva, anestesiada.
Quando explosões se tornam um estilo de vida, o tédio começa a parecer muito mais agradável. Agora posso escrever, por que não estou correndo. Agora posso ver sessão da tarde, por que não há nada mais que eu possa fazer por mim. Ficar atirada em uma cama desarrumada nunca foi tão doce antes. A grama do vizinho que trabalha, viaja, namora, festeja, bebe, solta de paraquedas e toca guitarra nunca me pareceu tão chata. Quero ser como aquela senhora tranquila que mora no final da rua e passa o dia fazendo tricô ou cantando bossa nova com seus gatos. Quero ser como uma andorinha a assobiar no seu ninho. Quieta, pacífica.Quero que a única explosão da minha vida, seja do ócio dentro do meu estômago.E que essas borboletas parem de sapatear e que meu coração volte ao normal.
Depois de um mês inteiro de férias regada a música alta, amizades novas, início das aulas, trabalho corrido, namoro esgotado e uma vida que não me deixa tempo nem para respirar, tudo que eu mais quero é uma tarde com Garfield e Odd me fazendo rir de piadas que não tem mais graça.
Tédio, meu amigo. Meu corpo exausto te oferece trégua.
segunda-feira, 22 de julho de 2013
Inverno Vermelho
Esqueci de mim em capítulos que já se passaram, lugares que não visito, tragédias que nunca deveriam ter existido. Esqueci da menina de azul do início da história e me tornei a mulher de vemerlho do capítulo presente.
Não quero preocupar você, mas estou perdida. E embora digam que o amor é bonito, o cinza do inverno contradiz minhas expectativas. Minhas unhas vermelhas estão anacrônicas, representam uma dor violenta, o jeitinho escorpiano de ser subliminar mesmo sendo chamativo.
Que sou eu, diante da sabedoria das estrelas? Que sou eu?
Você ficaria assustado se eu soubesse.
quarta-feira, 3 de julho de 2013
(Aquilo que não é uma) Retratação
Se você é uma dessas pessoas que defende o amor eterno, mas se esquece da pessoa no segundo em que ela comete um erro, então você não sabe o que é amor.
E isso não vale somente para romances, mas sim para todo o resto.
Quando sua mãe te põe pra baixo, você não deixa de amá-la. Quando o seu cachorro te morde, você não deixa de amá-lo.
Que dizer da amiguinha cabeça de vento que, por descuido, põe os laços em risco?
Quando o sentimento é verdadeiro, não importa qual seja, ele vai permanecer.
Isso não é um pedido de desculpas.
De longe seria uma retratação.
Nem penso em dar explicações.
Isso é um grito de resposta.
Direito da minha nação.
Legítima defesa, assegurada pela Constituição.
Mas vocês já sabem disso.
Que se dane a moral corrompida.
Digam o que quiserem, menos que eu fui uma "amiga" falsa. Eu fui verdadeira, eu sou verdadeira.
Mas a fragilidade do sentimento, só mostra que nunca foi recíproco.
Paradoxo
O barulho é alto, meus ouvidos retumbam
Lembro do meu gato ronronando no meu ouvido, na madrugada de ontem
Imagino como seria milhões de vezes mais reconfortante, na madrugada de hoje
Eles se divertem, riem
Eu me acabo, entristeço
Vou por que sou jovem
Fico por que sou ranzinza
Meus costumes desafiam as leis de convivência pacífica
Meus sonhos desafiam as leis da vida realista
Olá, pra você também
Sou alguém perdida no escuro
Você não está sozinho
Eu sou sua melhor companhia
Não posso ficar triste
Nós somos tudo o que queríamos ser um dia
domingo, 30 de junho de 2013
Esboço de um Final
Para te ver chorar
Pelas minhas palavras
Que de tão grandes
Te fizeram pequeno
Para me dar teu amor
Sou gigante
Minha vida é curta
Você não se importa
Não existem finais
Nem beijos
Nem despedidas
Nem Adeus
Existem laços
Que se findam
Quando começam
A ser forçados
Existia a confiança
Que de tão fraca
Morreu antes de virar rainha
Da nossa relação acabada
Atrasado
Teu sol se põe no horizonte dos meus sonhos
Minhas utopias infundadas
As palavras que não te disse
O amor que morreu sem ter nascido
Você é tudo o que eu queria
Eu sou tudo aquilo que não foi vivido
Esquecemos de ser pontuais
Deixamos nossos corações de lado
Não existe saudade
Só essa imensa impressão
De que algo está muito errado
quinta-feira, 27 de junho de 2013
Os Nós
Desespero
quinta-feira, 20 de junho de 2013
Reflexões sobre a Obesidade
Pequenices
Procurava por escadas, não via nada no alto de seus cinquenta centímetros.
Ser inteligente vale mais.
A altura nos tira a humildade.
Você esquece de ser você e passa a ser alguém que os outros querem que você seja.
Outos, sempre os outros.
Sua vida passa a ser uma filmagem monótona que vem do projetor do seu pai.
Sua mãe arruma seu cabelo.
Seu tio lhe dá um conselho amoroso.
Seus amigos curtem no facebook.
Você é o que eles querem que você seja.
O homenzinho não.
O homenzino só queria uma escada.
O homenzinho, de tão pequeno, sofria as crueldades dos altos.
Ser privilegiado é uma benção
Ser privilegiado é a maldição dos mal aventurados.
Rodapé
Você não percebe isso, você só sente dor.
Morrer não vai fechar a ferida, não vai cicatrizar, não vai virar uma memória.
Morrer é deixar a ferida aberta aos vermes
E ainda assim permanecer indiferente
Viver é mais complicado, exige esforço
Seus pulmões precisam de ar
Seus passos precisam de equilíbrio
Seu coração precisa de limites
Mas para Deus somos incríveis
Você não vê a vida pulsar, por que a morte parece ser mais elegante.
Caminho refinado, sem batalhas sangrentas
Morrer é dar um passo incerto ao infnito
E nunca mais ter de dar explicações
É o ato supremo do desespero por liberdade
Morrer é lindo
Mas o homem é orgulhoso
E prefere viver uma vida de martírio
A passar uma morte inteira
Sem cantar a própria felicidade
domingo, 2 de junho de 2013
Sozinho
Eu não me sinto solitária, sou apenas sozinha.
Éramos bons nisso.
Eu e você.
Era bom ficar sozinhos, quando estávamos juntos.
domingo, 26 de maio de 2013
Marcha das Vadias - 2013
Antes de mais nada, quero que vocês tenham em mente que há uma pequena diferença entre feminismo e femismo. Femismo é um machismo na sua versão fêmea, com preconceitos, dogmas e idiotices parecidos. Feminismo é a guerra travada há uns duzentos anos entre mulher e sociedade, na qual nós temos bravamente insistido em nome de nossos direitos como humanas, seres secientes, também merecedoras de respeito nesse planeta.
Agora, passado esse esclarecimento, preciso dizer a vocês que me entristece profundamente ver uma mulher cuspindo na batalha alheia, com toda a ignorância que lhe foi concedida. Eu sou apaixonada por protestos. Desde que eles defendam uma causa digna de minha preocupação. E isso vai desde a diminuição das passagens de ônibus até a libertação animal dos testes de cosméticos. Se a tal da "Marcha das Vadias" não fosse assim tão importante, eu não estaria lá. Pelo contrário, estaria agora escrevendo um texto criticando a falta de bom-senso de milhares de mulheres totalmente desocupadas e narcisistas que só querem ficar balançando seus lindos seios em praça pública com o intuito de ganhar algum prestígio ou adoração masculina.
Bem, esse não é o caso.
Claro que sempre existem exceções. Claro que tem muitas discípulas da tia Amélia que só estão lá pra engrandecer sua auto-estima, enquanto balançam seus seios e dizem "hey caras, olhem para mim, eu sou gostosa e livre, me comam". Não, caras. O intuito não é esse, confiem em mim.
Embora eu defenda a libertinagem e a liberdade sexual de todo mundo, por que cada um deve cuidar de seu membro sexual como bem lhe aprouvir com todo o devido respeito para com o parceiro, não estamos lá por engrandecimento pessoal. Nem por vaidade. Tá, talvez um pouquinho de vaidade, por que nos sentimos o máximo gritando aos quatro ventos que estamos libertas.
Mas é só.
E eu tenho orgulho de olhar para os lados e ver que as mulheres não estão mais em casa cozinhando pra qualquer imbecil ou passando as roupas dos filhos. Mulheres que hoje chefiam empresas, movimentam a economia, se candidatam no mundo político, investem em ações, destroem corações masculinos, usam mini saia, fazem sexo quando e como querem. Mulheres que não são mais as donzelas em perigo à espera do príncipe encantado, mas sim, a guerreira que transforma seu próprio destino, que batalha por suas conquistas e hoje, muitas vezes, acaba como rainha nesse mundo outrora liderado por sua maioria masculina.
Daí você vai me dizer " Mas Sara, isso não vai adiantar nada. Ninguém vai ler os cartazes, ninguém vai levar a sério um bando de mulher vagabunda que sai nas ruas vestidas como prostitutas e ainda, imploram por respeito. Por que elas não se vestem como gente? Por que elas não escrevem livros ou sei lá?".
Meu amigo, senta aqui que a titia quer te explicar uma coisa. Sabe o teu mundinho cheio de religiões, política, mídia, playboy, futebol, globo e Megan Fox? Sabe esse lugarzinho imenso e redondo que tem um papa bonitinho impedindo o aborto, um ministro bonitinho criminalizando a homossexualidade, uma cantora bonitinha que adora apanhar do marido? Sabe? Eu sei que tu não consegue enxergar agora, mas acredite em mim, ele tá repleto de gente ignorante.Sério mesmo, pode acreditar, por mais impossível que possa parecer.

Tem Simone de Bouvoir na literatura. Tem Riot Grrrl na música. Tem Brigitte Bardot no cinema. Tem a Dilma na presidência. Tem a Joana D'arc sendo queimada viva em praça pública por sua condição de feiticeira medieval. Claro, por que caso você ainda não tenha percebido, não existiam homens à lá Paulo Coelho. Somente as mulheres eram crucificadas e queimadas, por que os homens são criaturas puras que foram hipnotizados pelas filhas malignas de Eva.
E se formos estupradas é por que a culpa inteira é nossa. Não podemos andar com os peitos de fora na rua, pelo simples fato de que nossos peitos, em sua simples condição de peitos, já instigam a virilidade masculina. São apenas peitos. Tão comuns quanto as bochechas. Mas você não vê os homens babando pelas bochechas de ninguém, por que na mídia ou na bíblia não tem nada que fale sobre as bochechas serem atraentes ou sexuais ou símbolo de tentação diabólica.
Na verdade, nem precisamos andar sem camiseta. Experimenta colocar uma blusa mais colada. Um decote minimamente aberto. Um tecido mais fino. A potência dos caras sobe até o infinito. Como se você estivesse com uma placa na testa dizendo que "Hoje, eu quero dar. Olhe para meus peitos e me possua, gatão". Óbvio. Nossos corpos são perfeições ambulantes que desfilam por entre os pobres homens, tão frágeis com suas ereções. Pobres deles, sempre tão provocados por nós, vagabundas maléficas. Mas que mais podemos fazer? Esse é o nosso propósito de vida, instigar o nobre coração masculino e levá-lo para as forças do mal. Somos filhas de Eva, amaldiçoadas por uma existência fadada à luxúria e ao fracasso.
Lorotas. Minhas ironias são tão ácidas que tenho medo que alguns não vão entender sobre o que estou falando. Lorotas, meus amigos. Preciso ser irônica, por que a ironia é uma violência adocicada. Não quero ser rude demais, para não parecer muito radical aos olhos de vocês, mas é que a minha revolta é muito grande. Tenho motivos fortes para ser tão contra o machismo. Tenho muitas razões para lutar ao lado de "vagabundas semi nuas no arco da redenção".
Se uma garota é vadia por exigir os seus direitos, então todas somos vadias pelo simples fato de estarmos lutando todos os dias pela nossa sobrevivência. Chega de hipocrisia. A sua mãe também tem peitos. Chega de tabus. A sua mãe também faz sexo. Chega de burrice. A sua mãe, também é uma vadia.
Pense nisso antes de dizer que estamos lá por falta de roupa pra lavar. Até por que, somos vagabundas e não empregadas.
Encontro vocês no Arco da Redenção às 14h.
sexta-feira, 24 de maio de 2013
Rebeldia Literária
Trinta horas semanais tiram da minha vida a cor de escrever.
Seis horas diárias evitam que histórias venham a existir.
Mas sempre chega aquele momento estranho, meio assombrado
Em que as palavras transbordam do coração
Gritam da alma
Explodem nos dedos
E riem de mim no papel
Voltam a vida como quem não quer nada
Só para provar quem tem o poder
De transformar meu salário em piada
O Louco Acomodado
que estou apaixonada
Antes a segurança confortável
De se estar sozinho
Do que a brava aventura de amar
A pessoa errada
Regime Penitenciário
Então, tecnicamente, não quero não deixar de querer por que isso seria querer alguma coisa.
Haja Deus no céu!
De que me serve um cérebro que não atinge sua potencialidade suprema quando tudo o que temos a fazer é pensar em rodeios que nunca se findam?
Pobres dos filósofos mortos que hoje vivem em suas eterna confusões existenciais.
Abençoados sejam os ignorantes, os religiosos, os ateus, os socialistas, os idealistas, os miseráveis e as crianças: Livres nas suas correntes mentais de aprisionamento voluntário.
Faço parte da população amaldiçoada pelo questionamento constante, até mesmo quando não há questionamento. Quero que as lógicas vão para o inferno. Que inferno? Quero que vão para o vazio existencialista que talvez não exista em uma lógica constante de cálculos mal formulados. Quero que o planeta se exploda em estilhaços e dê à luz uma nova geração, que dessa vez não terá erros. Mas também não quero.
Estou voluntariamente aprisionada ao meu querer.
190
Você não escuta meu grito daí, por que meu silêncio é uma dor tímida. Tenho vibrado discretamente, enquanto uivo em uma agonia desesperada. Meu urro é um grito discreto.
Socorro. Issso é um sussurro de emergência. Socorro.
Preciso dizer, seus olhos são tudo que me mantém digna. Você não sabe que está me salvando, você não sabe que o sistema de horas é nulo.
Isso é uma emergência, socorro.
Você não vê. Estamos vivendo em horas que não serão restituídas. A vida não pode ser re-escrita. Os dias não podem voltar. Suas pegadas são a única prova de que seus passos existiram. Mas você não pode fazer seus passos quando está preocupado demais conseguindo dinheiro para comprar sapatos.
Eu sei, as coisas parecem simples quando são vistas de fora.
As coisas parecem imensas quando são vistas de dentro.
Eu não sou a mão que embala o fantoche, você não vê?
Nós somos o fantoche.
quarta-feira, 22 de maio de 2013
Qualquer Negócio - Clarice Falcão
Me deixa ser o suporte que segura a tela plana da sua sala no lugar.
Me deixa usar o pé pra equilibrar aquela mesa bamba que você aposentou há mais de um mês
Me deixa ser a sua estátua de jardim, oseu cabide de casacos,
Só não me tira de vez da sua casa.
Eu posso ser a empregada da empregada da empregada da empregada do seu tio.
Me deixa ser o seu pingüim de geladeira,
Eu fico uma semana inteira sem mexer
Me deixa ser o passarinho do relógio
Que de hora em hora pode aparecer,
Pra eu te ver
Me deixa ser quem passa a calça que você precisa usar no seu jantar à luz de velas com alguém.
Me deixa ser quem deixa vocês dois de carro em um restaurante caro.
Só não deixa eu ser ninguém na sua vida.
Eu posso ser a empregada da empregada da empregada da empregada da empregada da empregada da empregada da empregada do seu tio.
domingo, 12 de maio de 2013
O Vale dos Sopros Uivantes
segunda-feira, 22 de abril de 2013
quinta-feira, 11 de abril de 2013
Eu antes de Você
Eu era apaixonada por cinzas, por dores, por lágrimas, por queijos e chocolates. Gostava de deitar numa tarde preguiçosa de quarta-feira e assistir Warner Bros, não importava que filme estivesse passando. Gostava de ir passear às cinco e comprar quindim às sete. Eu tinha uma câmera pequeninha, que nem era minha mas eu gostava de dizer que era pra me sentir mais livre e mais fotógrafa do que de fato era ou sou. Eu gostava de tirar foto das pessoas que eu mais amo no mundo, fazendo as coisas mais vergonhosas do planeta. Eu gostava de fazer carinho na barriga peluda da minha gata e ouvir o roronar prazeroso que saía daquela garganta cheia de mistérios indecifráveis dos gatos. Antes de você, eu tinha nojo de beijo, não subia em bicicletas e passava tardes entediantes com um livro nas mãos e uma arvore na bunda. Ou com a bunda em uma árvore, se você preferir.
Antes de você eu me apaixonei por um bando de caras impossíveis, perfeitos, sobrenaturais e até louros. Sim, eu já amei louros. Você sabe, eu prefiro os morenos barbudos com aquela cara de incompreendidos e aquele cheiro de suor e desodorante. Mas eu admito, já me apaixonei por louros. Um aconteceu na terceira série e o cara era bem tapado. Na verdade, ele nem era tão bonito. Mas como a minha melhor amiga, que era a menina mais bonita da escola inteira com seu corpo de quinze e cabeça de oito, o achava bonito, eu pensei "hey, até que não é má escolha". E aí eu tive meu primeiro triangulo amoroso. Não que tenha sido bom, por que não foi. É muito triste se ter oito anos e gostar de um menino louro que nem é bonito e não ter coragem de pensar em beijos e não se ter uma bunda sedutora pra chamar a atenção. Quer dizer, a minha amiga tinha. Mas isso não vem ao caso.
O segundo se chamava Shane. Ele era lindo, alto, mais velho, tocava guitarra e tinha sido criado pela Rachel Caine. Shane Collins, se não me engano. Aquele personagem lindo que tira a virgindade da Claie em Morganville Vampires, mas você não faz a mínima ideia de que livros são esses. Aliás, talvez você não tenha entendido ainda, mas já me apaixonei por muitos caras impossíveis. Tipo, impossíveis mesmo. Tipo, inexistentes. Tipo personagens de livros.
Ah, e recentemente, teve um terceiro louro. Mas esse daí era um anjo que eu nem pude me apaixonar muito por que achei que seria melhor se ele ficasse com a Luce. Daniel Grigori, era o nome dele. Tão lindo, tão profundo, tão musculoso. Desculpa, amor, mas quantos anjos tu conhece que teriam a coragem de desafiar – literalmente – a Deus e o mundo por um amor amaldiçoado por Lúcifer através de séculos e séculos de sofrimento? E esse daí, quem criou, foi a Lauren Kate, na sua saga inesquecível, Fallen.
Mas aí acabam meus louros. Eles definitivamente não fazem o meu tipo.
Então eu me apaixonei por uma porrada de morenos.
Tinha aquele lindo do Dimitri Belikov e, me desculpe, mas é muito difícil resistir a um sobretudo cowboy ou um sotaque russo, por favor né. O cara tinha dois metros de altura e aniquilava quinhentos strigois (vampiros mortíferos matadores de vampiros pacíficos) em questão de minutos. Como não me apaixonar? Esse dai quem me apresentou foi aquela ruivinha, Richelle Mead. A Deusa dos caras lindos, só pode.
Daí teve também o Jace. Ahh, aquele cowboy vindo diretamente do faroeste americano para o meu quarto. Mesmo fantasma, mesmo assustador, mesmo fora de tempo, ele era lindo. E, sim, eu me apaixonei por ele também. Aquela tal de Meg Cabbot pegou pesado no quesito fantasma conquistador e acabou fisgando meu coração também.
E então eu fui ficando mais velha, mais louca e mais exigente. Então eu li Orgulho e Preconceito. E não é que me apaixonei pelo tal do Sr. Darcy? Fala sério tá. Só isso que eu digo. Fala Sério. E quem, em plena consciência, não se apaixona por aquele cara? Tão elegante, tão educado, tão profundo, tão alto, tão classudo, tão inglês. Sério, tá. Sério Jane Austen. Que dom mais incrível esse teu, de juntar num homem só, tudo que precisamos para sermos felizes.
Teve o Patch. E esse era bem malandro. Ô anjinho mais galinha, viu. Foi o que mais me deu trabalho. Eu vivia uma relação de amor e ódio com ele. Aliás, que cara idiota. Pelamor. Becca Fitzpatrick se puxou quando quis criar um cara comum e perfeito ao mesmo tempo. Se puxou mesmo. Até me apaixonei. Até tive uma relação de tapas e beijos. E não é como isso fosse muito normal, acredite.
A questão é que, eu não tinha vida social.
Antes de você, meu amor, eu não saía, não usava roupa curta, não passava maquiagem, não bebia. Antes de você, eu não saía de casa num sábado a noite, eu não trocava meus livros pelo Cabaret e nem sentia frios na barriga só de pensar nos beijos de alguém. Eu não sabia como era bom ter tanta liberdade a ponto de se sentir sufocada pelo mundo. Ter tanto amor, a ponto de querer ficar sozinha. Ter tanto tanto, a ponto de querer ter tanto pouco.
Antes de você eu era uma menina, uma criança tão distante desse mundo corrosivo que chegava a ser cômico. Vivia colocando a mim mesma atrás de uma muralha, enfeitada com duendes, fadas, vampiros, fantasmas, castelos, livros, sonhos. Eu tinha um brilho inocente, uma voz mais fina, uma barriga maior, um cabelo mais quebradiço, uma pele mais oleosa, um sorriso mais pesado, uma lágrima mais seca, uma boca menos apelativa.
Nunca fiz o tipo feliz, escandalosa, alegre, pulante ou carnavalesca. Antes de você eu gostava de cemitérios e ossos. Gostava de imaginar minha vida solitária, meus gatos companheiros, minha família distante. Antes de você, as tardes pareciam infinitas, as manhãs pareciam enjoativas, as noites pareciam intermináveis.
Eu tinha lá meus quinze anos e ficava olhando para o céu, todas as noites. Eu olhava a lua, assim como quem não quer nada, e pedia pra Deus e os alienígenas habitantes de planetas desconhecidos me mandarem alguém legal pra preencher aquele vazio que me ardia no meio do peito. Eu olhava pra todas aquelas estrelas, tarde da noite e pensava que talvez a vida pudesse ser algo bonito no final. Que talvez, se eu me comportasse e fosse boa aluna e não fumasse e não beijasse e não usasse saia curta eu pudesse um dia ser feliz. Que nem as princesas que sofrem tanto até que um dia ganham um castelo, um amor e um cavalo. Não na mesma ordem, mas tipo isso.
O mais triste foi quando eu me dei conta que a Disney tem esse péssimo costume de alienar mentes em formação. Eu fui alienada, enganada, ofendida, manipulada. E tudo pelo cara que criou o Mickey. Se eu pudesse falar com ele, eu diria "Pô Disney, custava tu criar uma princesa sem os dentes? Custava tu criar uma Negra de Neve? Custava tu criar um Príncipe Gay? Custava tu criar uma Rapunzel aleijada? Custava tu criar um arco e flecha para a Bela Adormecida? Custava tu matar os príncipes e me ensinar a esperar pela vida ao invés de esperar por um cara? Pô Disney, custava?".
Foi triste mesmo, por que agora percebo que as minhas noites e o meu buraco inquietante no peito e a minha esperança quase que violenta em que tudo ia dar um jeito de se encaixar, não passaram de crenças errôneas, não passou de ilusão. Antes de você, as estrelas costumavam ter um outro brilho, os aviões pareciam maiores do que o mundo e as músicas do meu MP3 falavam de poças e lágrimas.
Antes de você eu não tinha crescido em tanta, mas tanta coisa, que talvez você nem me conheça agora, como eu mesma não me conheço também. Sou outra pessoa, com o mesmo nariz. Sim, por que só o nariz não mudou.
Prazer, essa sou eu antes de você. Triste, rechonchuda, jovem e esperançosa. Esperançosa de que, você vai me perguntar. Mas aí é que está a curiosidade. Eu não sabia! Só tinha aquela sensação formigante dentro das minhas costelas. Aquela sensação de que algo grandioso ia me acontecer. Algo forte mesmo, que ia fazer tudo girar e começar a fazer sentido em meio aos meus dias pacatos, aos meus livros repetitivos, à minha mente atrofiada.
Essa sou eu antes de você: Esperando que minha vida girasse milhões de vezes até bater na tua e fazer todo esse redemoinho sem sentido parecer ao menos um pouquinho mais leve. Esperando pelo momento em que as estrelas fossem cair, uma a uma, nessa poça de escuridão que eu tinha me formado.
Essa sou eu agora: Tão você que quase não acho eu mesma dentro de mim mesma. E nem é como se eu pudesse dizer que é algo ruim. Por que, acredite ou não, não é.
Viva la Revolución – Porto Alegre, Parte II
Em um planeta onde o conformismo e a preguiça levaram embora heróis de guerra que dificilmente serão substituídos, como Che Guevara ou Joana D'arc, eis que, das cinzas de uma democracia hipócrita e preconceituosa, surgem os guerreiros do século XXI para mudar os meus velhos conceitos.
Não vou chegar aqui e repetir tudo o que eu tinha escrito no último texto mas, só para recapitular, saibam que os porto alegrenses me enchem de orgulho por sua garra, por sua união, por sua força de vontade. Eu, como porto alegrense apaixonada e patriota (não que não ache o patriotismo uma espécie de fanatismo ideológico que pode ser levado às ultimas e piores consequências....) tive de levar minha imponente presença até a prefeitura e exercer todos os meus poderes de democrata ativa.
É, isso mesmo. Eu, a democrata ativa.
E não é que aquele aguaceiro brabo de quinta-feira não impediu que cerca de duas mil pessoas enchessem as ruas do centro com gritos e atos de inconformismo? Pois saibam, meus amigos, que até a arquitetura imponente da minha Porto Alegre fora violada por aquele bando de anarquistas visionários. Claro que se eu estivesse em situação mais favorável (com galochas e uma capa de chuva bem grande e forte e resistente) teria me unido a eles, mas como eu estava lá, com meus humildes vans sofrendo todas as dores e alegrias de serem feitos de camurça, me mantive segura em terreno plano. Não sem antes ficar extasiada e louca para subir junto e xingar aos Deuses Nórdicos por tirarem de mim o dom do equilíbrio.
Claro, a tempestade INCESSANTE daquele fim de tarde não impediu que bradássemos em prol de um direito violado. Não impediu que pulássemos, dançássemos, pichássemos (veja bem, eu não pichei nada, mas pensemos na coletividade) e vandalizássemos (lembra da história da coletividade? Er) patrimônios públicos. Vou te dizer, com essa minha vasta falta de experiência no mundo, nunca presenciei um pichador em ação. E também nunca cheguei perto de fumadores de maconha. Então bem, (sim, tinham pichadores e maconheiros bradando por uma Porto Alegre mais justa enquanto dezenas de policiais não moviam um mísero dedo para captura-los em flagrante) foi um pouco impactante. Um pouco selvagem também, pra mim, que sou virgem nessas coisas de rebeldia. Ou era. Perdi minha virgindade naquele dia. Em meio à chuva, ao barro, à maconha e ao cheiro forte de Collorgin (acho que é esse o nome do spray que eles usam pra pichação, corrijam-me os entendedores).
Não importava o credo, a cor, a classe social, o partido político. Era uma coisa bonita de se ver, aquela união de corpos massificados em um só. Aquela sensação de "estou movendo minha bunda por algo útil" tomava conta dos meus nervos, veias e tendões. Aquela paz de estar dando minha parcela de comparecimento a um povo demasiadamente explorado pela pseudo liberdade de um sistema baseado na ascensão de poucos, em breve transformou meu cansaço em revitalização. Não importava a agua. Não importava se meu pé era de madeira. Tá, importava sim. Importava tanto que tive de abandonar a batalha antes que tivesse de abandonar a própria perna. Mas a questão não é essa. Devemos nos ater ao decorrer dos fatos, aos resultados. Devemos nos ater à força de milhares de pessoas, independente de suas índoles e condutas, que, por bradarem ou picharem ou vandalizarem uma cidade corroborada por um poderio abstrato (leia-se: governo), salvaram os bolsos da maioria da população de serem, cada vez mais esvaziados.
É isso mesmo que vocês estão pensando.
Esse bando de vândalos, anarquistas sem cérebro, burgueses entediados e até mesmo estudantes alienados, conseguiram.
Nós conseguimos.
O preço da passagem foi, de terríveis três reais e cinco centavos, para nem-tão-terríveis-assim dois reais e oitenta e cinco centavos. É isso aí galera, quero ouvir aplausos e urros de alegria. Quero ouvir um "Iêêê" e agora um "Iôô".
Se tem os contras? Claro, óbvio que tem. O que não faltou nesses protestos, foram partidos políticos tentando bancar os "amiguinhos" do povo, os guerreiros de luz da mudança democrática gaúcha, com suas bandeiras balançando nos ventos que já não andam lá tão favoráveis ao nosso exímio Fortunatti.
Não faltou também uma maneira de a prefeitura driblar essa vitória com uma maneira bem sutil de pagarmos por nossos brados.
Eis que a frota de ônibus que saem das garagens de Porto Alegre, diminui consideravelmente de número, deixando-nos, pobre proletariado, com nada mais e nada menos do que uma tranqueira dos infernos para F#%% com a nossa vida às seis da tarde. O inferno urbano que uma cidade tão "preparada para a Copa" deveria ter superado há muito tempo. Que transito é esse meu Deus? Tá, eu moro longe de tudo quanto é lugar existente nesse cubículo de município. Mas até mesmo o meu ônibus (um dos mais demorados de todos os tempos) já teve seu tempo de gloria, de velocidade, de atendimento às minhas expectativas que sempre anseiam pela minha casa.
Que que é isso, minha gente?
Esse é o nosso Estado, sempre tão preocupado em nos manter satisfeitos e sorridentes. Sempre tão preocupado em honrar uma paulada de artigos que só falam baboseiras não materializadas naquela tal de Constituição Federal de 1988. Aliás, Constituição essa que é reconhecida como Lei Suprema (daquele tipinho brabo que precisa ser seguido à risca). Imagina se fosse uma Constituição flexível e pouco importante? Estaríamos vivendo na Anarquia em sua forma nua e crua.
Como dito anteriormente, é preferível a derrota de uma batalha do que o vencimento sedentário da guerra. Estamos lutando, meus caros. Estamos chegando lá. Devagar, mas estamos. E isso já é um ótimo começo.
Eu acho.
Ou melhor: Eu espero.
quarta-feira, 3 de abril de 2013
Viva la Revolución - Porto Alegre, Parte I
domingo, 31 de março de 2013
O Começo do Futuro
As propagandas da Globo me disseram que o futuro começa agora. Daí apareceu uma cena repleta de felicidade e sorrisos pagos em cachês rechonchudos que somente a publicidade proporciona, mas enfim. Faculdades, intercâmbios, cursos a distância, livros, cultura, shows, empresas, a puta que o pariu de escolhas para o seu futuro.
Claro, isso faz todo o sentido.
Mas daí eu me pergunto: Da onde eu vou tirar a po#@!# do dinheiro, oh dear Lord?
Não que isso seja o mais importante, por que eu sou do tipo de pessoa que acredita na lei da atração e que existe mesmo um gênio da lâmpada dentro da gente, capaz de realizar nossos desejos mais loucos e escondidos. Mas, bem, dinheiro é algo importante. Ainda mais com o rumo que a economia desse país tem tomado. Quer dizer, todo mundo deve saber que a gasolina aumentou, que o feijão tá tão caro quanto um Kinder Ovo e que a minha páscoa foi a coisa mais vergonhosa desde a crise de 29, que, diga-se de passagem, eu ainda não era nascida, mas imagino que seria bem pior naquela época caso tivesse sido assim.
Será mesmo que eu tô tão estupendamente ferrada (e sim, uso a palavra "ferrada", por que acho que usar "fudida" tá meio fora de moda e ia acabar com a minha imagem de "blogueira querida e certinha que é feminista mas acha palavrão uma coisa extremamente grosseira para ambos os sexos usarem, caramba!) quanto acho que estou? Por que, sério, é muito difícil conseguir manter um nível de vida aceitável em uma sociedade tão pobre e exigente quanto essa.
Pois imaginem vocês que tenho lido um livro muito esclarecedor e desilusivo (como se fala quando algo te desilude????) sobre capitalismo, shoppings, dinheiro e burguesia. Tá, eu nunca fui fã da burguesia, dos shoppingis, do capitalismo ou sei lá. Tá, eu admiro o Mc Donalds, eu tomo a casquinha que eles fazem, eu tiro fotos no Iguatemi, eu sonho muito em ter dinheiro e, recentemente, tenho cultivado a ideia de abrir meu próprio negócio. Tá, isso tudo não faz o menor sentido, por que pelo visto eu tenho me tornado uma capitalista bem ativa.
MAS E DAÍ?
Antes de querer me tornar alguma maluca comunista em pleno século XXI, em pleno continente americano, devo ter em mente que Darwin, há um bom tempo atrás, já divagava sobre a lei da adaptação, pela lei da sobrevivência daquele que melhor se adapta às necessidades do meio. Pois bem, aqui estou eu. Com livros que criticam o sistema e tudo. E com as minhas escamas e chifres de adaptação crescendo aceleradamente!
Pra quem não sabe, o nome do livro é "Shopping Center: A Catedral das Mercadorias – Valquíria Padilha". A mulher é simplesmente genial! Um livro que vale mesmo muito a pena de ser lido, uma vez que vocês vão passar a enxergar a vida, o consumo, a economia e o próprio cunho sociológico de um sistema econômico MUNDIAL através de uma ótica totalmente diferente daquela a qual estamos acostumados! Chega dessa ilusão da riqueza e da perfeição e da vida no luxo, chega de tudo! Essa tal de Valquíria nos mostra os bastidores de um sistema construído na base dos segredos do nosso psicológico, acreditem. Pois bem, deixarei isso pra outro post. Nesse aqui, eu quero falar sobre o futuro!
Poxa o futuro, gente!
O futuro começa hoje, vocês tem noção disso? Começa hoje!
Hoje eu tenho de trabalhar, lutar, correr, estudar, amar, fazer, ser, estar. O hoje vai fazer do meu amanhã um lugar mais confortável. E isso me assusta. Não incomoda vocês? Essa pressão toda sobre os ombros. Essa responsabilidade imensa de fazer de si mesmo mais feliz e pleno. É como se, sei lá, como se eu fosse a escritora da minha própria história. Como se eu fosse a diretora do meu próprio filme. E se eu fizer errado? E se eu cair, se amar o cara errado, se ficar gravida antes da hora, se dar meu dinheiro para o lugar errado, se cortar meu cabelo de um jeito ruim, se for atropelada (deuzolivre)?
Daí todo mundo diz que é só levantar e seguir em frente, com se usássemos viseira e tal.
Mas que droga, isso não é fácil.
Ao menos não pra mim.
Imagina só, construir todo um castelo de areia, pra vir um filho da puta e chutar tudo pro alto. Deve dar nos nervos mesmo. E nem precisa ser um filho da puta alheio, pode ser simplesmente a vida fazendo o que ela faz de melhor: nos surpreender (e nem sempre de uma forma boa)
Tá, desisti da história da abstinência de palavrões, por que, porra, eles são necessários quando a gente se acorda meio frustrado! E sim, eu estou frustrada. Primeiro por que não fiquei trinta e um milhões de reais mais rica hoje. E segundo por que amanhã tenho de acordar as seis da manhã para só poder chegar em casa às nove da noite. E não que eu não goste de me manter em plena atividade de suprema e (pseudo)independência financeira e tal, mas é que cansa. Sabe? Construir o futuro num planeta onde o futuro só existe para os corajosos é difícil, cansativo, chato. Tá, é emocionante, mas igualmente chato.
Ser corajoso cansa. Guerrear dói. Persistir machuca. Cair frustra.
O lado bom disso tudo é que existe uma coisa chamada sonhar.
Acho que é nisso que eu me prendo mais do que tudo, ao sonho. Ao gostinho da vitória no final. É isso que me prende na batalha. É isso que me mantém em pé no T1 lotado ao meio dia. Que me mantém na cadeira da faculdade, enquanto o estômago ronca e o cartão de crédito passa por uma dieta rígida que me impede de gastar no lanchinho rápido entre as aulas. É o sonho e o amor. O amor a mim mesma.
Sabe?
Cheguei num level diferente nesse joguinho. Tipo um bônus, um check point, onde tu descobre algo a mais que não teria visto se não quebrasse a rachadura certa da parede certa no momento certo (helloo jogadores de Spyro). Cheguei no level em que descobri que me amo tanto a ponto de lutar pela minha própria felicidade. E não acho que isso seja egoísmo ou egocentrismo ou sei lá. Na verdade isso tem me dado forças.
Lutar por si mesmo, esse é o segredo.
Saber que o futuro depende das tuas ações, das tuas escolhas, das tuas verdades.
Ir ao alto e avante pela única pessoa no mundo que detém o poder verdadeiro e infinito de te fazer feliz.
Você mesmo.
Lembrem-se disso, guerreiros.
A luta continua, sempre e só finda na morte.
E, quando bater aquele aperto no coração, aquela vontade de jogar as armas no chão, de sair correndo pra de baixo das asas seguras da mãe, vamos tentar imaginar daqui cinco anos. O que o agora pode modificar no teu futuro de daqui cinco anos?
O futuro, a gente faz hoje.
O Palco de Dementes
Estive me abstendo de detalhes previsíveis , de minuciosidades insignificantes, de pequenices do cotidiano. Já não compreendo mais em que rua da saudade meu coração tem andado. OS sentimentos se confundem em um redemoinho confuso de explosões contidas no início da garganta.
Quase não há sentido no amor. Quase não há sentido no ódio. Mas a indiferença? Ahh, essa me deprime, me incomoda, me incita. Sou como um peixe ingênuo que, na sua ânsia por abocanhar o anzol, acaba morrendo na expectativa de sentir-se pleno. Um resultado injusto para tamanha bravura. Aliás, acho que nada se compara à bravura do peixe que, lutando por sua sobrevivência, acaba por morrer em batalha. São soldados de honra, tão louváveis quanto aqueles que dão a vida por sua nação. A inocência do peixe o torna santo, quase glorificado. Glória esta que ferve na água escaldante, que tosta na banha quente, que é brindada ao vinho tinto nas mesas católicas da Sexta-Feira Santa.
Já não acredito mais em louvores, em orgulho, em felicidade. São todos sentimentos que nos saltam aos hormônios como resultado de uma crença mal fundada. Podemos ser o que quisermos e isso não nos é contado na escola ou no desenho da Disney. E não é que, na maioria das vezes, escolhemos ser o nosso pior? Como se já não fosse o suficiente que o mundo em si já faça questão de ser o seu pior. Somos a vergonha da Via Láctea, acredite.
Fomos jogados nesse planeta atrasado e moribundo, com pessoas vazias, com almas corrompidas, com uma existência que se apaga em meio ao furor da alienação, como uma vela que comete suicídio com suas próprias brasas. Pergunto-me se Deus gosta do que vê. Se Ele, na sua sabedoria infinita, sente-se satisfeito com as plantas que a sua própria criação gerou e destruiu. Será que se orgulha? Será que, nas suas reuniões de Deuses inter-galácticos , Ele se gaba de nossas destruições intermináveis, dos nossos corações de pedra?
Sinto que a loucura se aproxima dos meus questionamentos, tornando minhas hipóteses absurdas. Não vejo mais dificuldade na existência humana. Aliás, nada nesse mundo de tormentos é tão fácil quanto existir. Viver é difícil. A vida enfrenta perigos que a alma não teme, que a mente não compreende, que o corpo não suporta. A existência está por um fio. O homem apenas aniquilando sua própria espécie como se essa fosse a coisa mais normal do universo.
Todo humanista prevê respeito e harmonia. Como se a paz fosse tudo o que mais desejamos. Bem, não é. O caos, a guerra, a dor, a luta, a sujeira... Tornaram-se indispensáveis! Todo mundo quer ter uma história de luta para contar a respeito de si mesmo, e isso tem de envolver sofrimento. Caso contrário, que graça há na vitória? Como se não fosse absurdo o suficiente simplesmente conviver com a miséria em si, do modo como convivemos.
Acho mesmo que esse mundo foi criado em um momento de euforia. Com todos esses vales e florestas e mares e animais e flores perfeitinhas. Mas, então, num impulso, Deus criou o homem, seu pior arrependimento. Deu ao homem o poder de controlar uma terra que não o pertencia, de destruir uma nação que não era sua. Deus perdeu-se em sua emoção, em seu amor, em sua ingenuidade. Teve, então, o descuido de dar-lhe liberdade. Assim, o homem, burro como é, fez tudo de errado que podia.
E aqui estamos nós, falando de peixes, desistindo do amor, questionando divindades.
Aqui estou eu, esperando por um milagre que me faça ver algum sentido nesse imenso palco de dementes, como já dizia meu amigo Shakespeare.
domingo, 17 de março de 2013
Quelqu’un M’a Dit – Carla Bruni
Bilhões de pessoas nesse planeta e são os seus beijos que eu sinto quando domingo se despede em uma noite comum de março. É a sua voz que eu ouço, mandando arrepios pelo meu corpo, enquanto as luzinhas azuis do meu quarto embalam esse espaço-tempo infinito chamado pré-sono.
E, agora mesmo, alguém sorri no parque japonês, observando borboletas, amando o passado e sentindo saudade do que ainda não viu. Alguém sorri para você. Seus olhos abaixam. Você pensa em como a menina poderia ficar bonita com uma flor no cabelo. A menina pensa em como suas narinas formam conchinhas perfeitas em cima de uma boca pequena. E então o amor nasce. Vocês não mais são perdidos e inusitados. Vocês agora viram cúmplices de palavras que nunca foram ditas.
Não é engraçado a forma como os quadrados e triângulos tem ângulos perfeitos e tão opostos uns aos outros? Somos isso. Eu e você e os outros. Milhões de formas geométricas em seus cubículos, dividindo um universo perfeito, repleto de ângulos imperfeitos. Somos tão quebrados e ainda assim tão completos. É assim que eu e você nos achamos por entre as teias milenares e impossíveis da via láctea.
Pedaços de poeira de meteoritos. Nós levitamos em meio ao nada, nos encontramos na lua. Eu e você. E os outros também, por que só Deus sabe o que mais pode haver entre os desencontros e destinos e tragédias dessa vida. Alguém toca violão naquele Bistrô charmoso em Paris. Você vê? E então a história começa. Dizem por aí que as pontes infinitas foram reconstruídas, que os meninos são mentirosos e que as mulheres choram demais.
Que pontes? Que meninos? Que mulheres?
A relatividade do universo dança em frente aos seus olhos infantis. Não tenha vergonha, estamos apenas brincando. O amor é lindo, vamos brincar de amor. Vamos brincar de sorrir. Vamos brincar de felicidade. Vamos brincar de escrever, por que é isso que fazemos. Nós nascemos para tentar ajeitar a órbita do planeta, pra tentar marcar a história mundial.
Ele entra pela porta dos fundos, escondido, medroso, ingênuo. Ela sai da cozinha, carregando uma panela com sua mais nova invenção. Chamam aquilo de sopa de legumes da onde ela veio, mas sabe-se lá de que chamariam no outro lado do continente. Ele levanta a cabeça, ela tropeça nos cadarços. O líquido salta. Eles se olham. E é aí que o amor nasce. Como uma criança indesejada. Vocês sabem que não podem, mas querem. E o mundo gira ao contrário, a poeira dos meteoritos começa a fazer sentido, New Armstrong jamais estará sozinho de novo. Vocês estão na lua. Ela gosta da forma como o cabelo dele enrola e espeta na cenoura crua. Ele gosta em como as unhas dela se torcem de nervosismo no avental amarelado.
Somos isso, eu e você. Formas erradas que se encontram no meio do universo, como pesos de medidas iguais em uma balança. Eu, você e os outros. Por que o resto do mundo também está inserido nessa imensa historia de amor.
Eu, você e as borboletas.
domingo, 10 de março de 2013
Esclarecimento
terça-feira, 5 de março de 2013
Milésimo Projeto
Um litro de sorvete de uva passas ao rum, nove temporadas de Gossip Girl, quatro comédias românticas e uma relida em Orgulho e Preconceito depois, Becky Maddison continuava ainda se sentindo como uma porca solitária e espinhenta. Aos vinte e oito anos de idade e nenhuma perspectiva de vida, ela percebe que simplesmente não há uma solução para a existência masculina e muito menos para a dela própria.
Homens. O que eles esperavam, afinal? Que a poligamia fosse aceita como a coisa mais comum do mundo? Que fossem para o inferno todos eles e seus bícepes e suas bocas sedutoras. E seus cabelos curtos, seus dedos fortes, suas lábias enervantes. Não.
Becky agora seria, finalmente, gente grande. Mesmo que o sorvete a tivesse dado uma aparência roliça e a falta de banho tivesse produzido em sua pele umas amigas indesejáveis como espinhas. Mesmo que o idiota do Derek tivesse ido embora com seus músculos bronzeados e seu cabelo enrolado e sua língua aveludada. E que se dane aquele sotaque do sul da Inglaterra. Becky seria muito feliz e independente sozinha. Ela sabia disso. Embora não tivesse certeza de quando ou como.
Becky escreveria livros, daria a volta ao mundo, seduziria homens lindos e depois sairia em câmera lenta enquanto seus saltos prada vermelho prostituta fizessem aquele toc toc sedutor. Sim, Becky seria a mulher fatal dos contos de fada mais maldosos da literatura erótica universal.
Mas não naquele dia.
Naquele dia, ela só queria terminar seu sorvete enquanto um Sr. Darcy lindo e inglês declamava seu amor pela mocinha pobretona.