Perseguem-me, me perseguem incansavelmente... Infortúnios... Malditos ou adorados? Sempre tão dispostos a acabar com meus planos, sempre terrivelmente tão fáceis de ser encontrados. Eu não os procuro: eles me acham. Sem resistência, sem problema, sem seguro de vida, sem aviso, sem absolutamente nenhum tipo de consideração pelos danos causados. Apenas surgem, como punhais de dois gumes, adaptados a cortar-me os pensamentos em todos os ângulos possíveis.
Seja um fator climático que destrua meus planos de passeio ou suje minhas roupas; um fator computadorístico que me impeça de concluir o download aos 98% porque a maquina resolveu reiniciar; um fator alimentício como a falta de gás na hora menos propícia; um fator higiênico, como a falta de bom senso do cara com o a axila exposta a cinco centímetros do meu nariz em um ônibus lotado na volta para a casa; um fator acidental, como uma moto desordenada raspando sua perna direita, que lhe renderia alguns pontos e algumas vacinas; um fator econômico, como a perda de sua carteira, que coincidentemente continha sua identidade e todo o seu mísero salário; ou, pode ser também, um fator totalmente aleatório. Algo definitivamente inesperado e aparentemente inofensivo: Um “oi".
Espera aí. Eu disse a palavra “inofensivo”?
É, eu disso isso.
Não fosse pelo lado cômico da historia, eu poderia simplesmente continuar meu texto, desenvolvendo uma teoria maluca sobre o porquê de ser perseguida por gatos pretos e espelhos quebrados.
Mas não dessa vez.
Não nessa postagem.
Ao invés, vou divagar sobre o “oi”. Aquele baixo, desnorteado, atrapalhado, tímido e rápido “oi”. A causa de uma confusão. O motivo de discussões. O causador de insônias. O gerador de uma reviravolta total no que eu costumava chamar de “concreto”. Uma mudança de planos, desorientação de ventos. Um verdadeiro inicio de algo próximo de uma “Riot”.
O que temos aqui, então? Uma pessoa cumprimentado a outra?
Não.
Uma pessoa entrando,modificando, descobrindo e influenciando a vida de outra pessoa. Traduzindo: Um infortúnio. O pior tipo deles. O tipo que vem, não apenas para te impedir de fazer algo temporário ou fazer com que você ria depois. Não. Esse era o tipo necessário de infortúnio. Aquele que te faz aprender, que te faz bem, apesar de todo o mau causado. Um infortúnio com livre arbítrio e uma notória capacidade anormal de comunicação. Não era um dano causado pela natureza ou por um descuido de comportamento de alguém. Era apenas uma pessoa.
Era isso: meu mais terrível infortúnio, a minha mais recente tragédia, era apenas uma pessoa.
E, além de ser um infortúnio, isso também se transformou em um paradoxo: era uma pessoa adorável. Uma tragédia convidativa. Um infortúnio adocicado.
Como se chama isso? Que tal... Adorável infortúnio?
Ironicamente, paradoxalmente, irracionalmente, finalmente e recentemente, você se tornou o meu mais adorável infortúnio.
O causador dos meus problemas.
Mas também a solução para uma boa parte deles.
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