Eu não quero o seu bem.
E eu escrevo isso hoje, com a alma limpa e o coração leve, admitindo que eu não me importo com a sua felicidade. Não lhe desejo um bom ano novo e não espero que você tenha sorte. A verdade, bom, a verdade é que eu quero que você sofra. Quero que você sangre de tanta dor, quero que você não suporte estar vivo. Eu espero, com todo o meu amor, que você caia em um poço muito fundo e não consiga sair de lá sem seus próprios esforços.
Eu não quero saber de desculpas ou motivos altruístas. Eu não espero por nada que venha de você, nem mesmo um olhar.
Eu poderia desejar sua morte, mas eu não sou tão sádica. Ao contrário de você, eu tenho sentimentos. Por isso eu desejo tanto o seu mal. Eu quero que você se esfole até que suas veias estejam jogadas no chão sujo, eu espero que você rasteje nas sombras e sofra. Sofra! Pelo amor de Deus, sofra! Ao menos uma vez, se deixe sentir dor. Se deixe sofrer, se deixe ser triste.
Mas não, eu não desejo sua morte.
Por que apesar de tudo, eu quero que você esteja vivo daqui há algum tempo, quando tudo isso da dor já tiver passado e você tiver amadurecido e virado adulto, eu espero então que você olhe pra trás e se arrependa. Se arrependa de tudo, absolutamente tudo. Todo o tempo que desperdiçou fingindo ser alguém que não era. E eu espero, sinceramente, que você sofra de novo por ter sido burro. Eu quero que você aprenda da pior forma possível.
Nada mais justo, uma vez que você errou da pior forma possível.Ou será que eu deveria dizer “vocês”? Faz sentido. Quer dizer, já que isso nunca se passou singularmente. Não, sempre foi no plural.
Eu deveria ter me referido desde o começo a “vocês”.Sim, esse foi o meu erro: separar o que era inseparável. Duas partes bem distintas de mim, com nome, cpf e personalidades próprias.
Bem, eu não preciso de vocês.
Aliás, eu preciso.
Mas se eu vou ter que deixa-los ir, então terei que deixar-me ir também, doa o que doer.
E isso meus caros, se chama amor-próprio.
Bom, era isso. Até nunca mais e boa noite.
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