Submersa em um mundo estranhamente confortável, eu me vejo distante da realidade que me prende na terra com uma Forca de aproximadamente 10m/s. Chamamos essa forca de gravidade, que nada mais é, do que uma espécie de ima que nos atrai para o centro do planeta, permitindo-nos o privilegio de estar com os pés no chão.
Mas hey, quem disse que era isso o que eu queria?
Seja na bela melodia de uma musica, seja nas belas palavras dos inumeráveis livros desejados por meus olhos famintos, seja um desenho animado na televisão... Sempre ha alguma obra da arte humana que me permita flutuar nos meus pensamentos, esquecendo de uma vez por todas a tudo que me cerca e mergulhando naquele lindo mundo que apenas eu sei onde é e apenas eu sei como chegar.
E assim eu fico... Por horas e horas tentando fugir do mundo em que eu nunca me acostumei a morar. E isso é engraçado, por que me faz lembrar de todos aqueles desconfortáveis minutos suportados em filas enormes de pagamento de contas ou consulta medica, ou em qualquer outro caso de extrema paciência que requerem minha sanidade e bom senso pra ficar calma. Eu não costumo me estressar facilmente por ficar sozinha a espera de algo ou simplesmente pensando por uma tarde inteira - pelo contrario, divirto-me. Viajo a lugares que nunca conheci, imagino pessoas que nunca existiram, executo ações que jamais poderia fazer no mundo real. Assim eu passo minhas 24 horas: de indas e vindas entre o meu mundo e o seu mundo.
Quando digo "seu", não me refiro a você leitor, que possa sentir-se excluído de minha imaginação. Mas sim ao mundo em si, ao mundo de todas as outras 6 bilhões de pessoas que estão neste exato momento fazendo algo que eu não sei o que é. Algumas dormem, outras trabalham, outras estudam, muitas sorriem, muitas choram, muitas morrem, muitas nascem,poucas acordam e, com sorte, algumas sonham.
Então a pergunta fatídica:
"Você bebe? Usa alucinógenos?"
Minha resposta: "Não" - sorriso tímido.
E pronto.
Eu não preciso de alucinógenos ou bebida para ficar fora de mim, por que tenho a estranha capacidade de fazer isso por conta própria sem nenhum tipo de estimulante. Alias, por favor, analisemos o caso: Eu, por viver no mundinho insano dos malucos sou considerada bêbada. Você, por viver em uma estúpida realidade de violência e ambição é um humano com saúde mental razoável. Eu digo que sobriedade é ser você mesmo, sem toda essa palhaçada de manipulação barata. Você diz que sobriedade significa vestir-se bem e ter dinheiro, alem de ter um bom status social e beber um bom vinho. Eu digo que roupas são detalhes e status social não me interessam. Você me repudia. Eu o compreendo. Você diz que eu sou doente. Eu apenas sorrio.
Seja honesto consigo mesmo: quem realmente precisa de uma dose de sobriedade por aqui?
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