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quinta-feira, 24 de julho de 2014

Romance Platônico

Sou romântica. Meu amor sufoca, minhas mão matam, minha voz é firme, comanda. Sou romântica. Não sei ficar longe, tenho medo de distância, desacredito na verdade, sigo as mentiras que minha paranóia conta. Sou romântica. O amor é uma ilusão, o sexo é uma distração, você é uma imagem projetada pelos meus traumas infantis. Sou romântica. Meu cobertor é frio, meus braços são longos demais, minha solidão cai desapercebida por entre as frestas da monotonia. Sou romântica. Sei que o casamento é uma instituição burguesa criada para controlar a mulher e seu poder de escolha. Sei que a culpa não é das estrelas se eu sou louca e inconstante. Sei que o amor não dura. Sou romântica. Não imagino você em vinte anos segurando minha mão. Não imagino filhos que se chamem de nomes engraçados. Não imagino um amanhã em sépia com nossos olhos brilhando. Sou romântica. Acredito em homem agressivo, homem machista, homem que não teve tempo de virar homem ainda, homem que machuca, que submete, que não liga. Sou romântica. Sou ativista do mundo, quero ajudar os outros a enxergar com olhos mais experientes, quero salvar os animais que são assassinados, quero dar alegria às crianças que sofrem, quero acabar com a vida não sustentável, quero dizer que o amor é uma paródia da nossa simulação de convivência. Sou romântica. Por isso vou acabar sozinha e infeliz. Por isso vou sofrer em Paris. Por isso vou escrever, lutar, amar e nunca ser compreendida. Por isso escrevo esse texto. Por que sou romântica e o romance não é permitido nesse mundo sem esperança.

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