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segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Ocupada

Respiro fundo. Engulo a saudade. Estou ocupada demais para me importar. Ocupada demais para me importar. Você não faz ideia da quantidade de coisas que existem no mundo solitário das pessoas vazias. Oh, wait. Você faz ideia sim. Você sabe tudo sobre como é bom ser solitário e vazio. Tinha me esquecido que a grande devoradora de mundos sou eu. Bem, aqui estou eu. Morrendo de alegria em estar entediada. Não, não entediada. Estou ocupada. Ocupada demais para me importar. Ocupada demais escrevendo, comendo, assistindo todas as séries possíveis. Estou ocupada demais para ficar pensando em sentimentos confusos. Ocupada demais para sentir. Ocupada demais para lembrar. Ocupada demais para chorar. Dei uma folga para o meu pesar. Tirei férias da minha dor. Mudei o treino na academia. Meus braços estão crescendo de uma forma desproporcional. E a bunda também, sem querer ser indiscreta. Dizem que a cidade vibra na noite solteira. Não sei disso, estou ocupada demais fazendo meus músculos crescerem. Vi o pôr-do-sol nascer ontem e quase fiquei emocionada. Quase. Mas estava ocupada demais aprendendo a andar de bicicleta. Hoje eu escutei uns barulhos estranhos na rua. Disseram que um homem matou o outro. Não me importei. Estava ocupada demais escrevendo sobre a violência contra as mulheres. Disseram que a gente tem só uma vida pra viver, que tem que amar como se não houvesse amanhã. Não prestei atenção. Estava ocupada demais para lamentar. Ocupada demais pra pensar sobre o amanhã.

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