Translate

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

O abismo - Pt.2


Ele continuava ali: impassível.

Atraindo-me de todas as formas humanamente possíveis.

Ele grita por meu nome, suga minha energia. Mas ao contrario do que ele esperava, eu não me senti mal ou culpada. Não. Eu apenas o olhei de volta, com um sentimento irreconhecivel crescendo dentro das minhas entranhas, seguido por uma risada histérica.

Medida de desespero? Talvez... Mas eu não estava afim de uma reflexão mais profunda naquela hora. Não. Eu queria somente respostas.

Ele me encarou.

Eu segurei meu colar com um pouco mais de forca do que a necessária, mas tentei ignorar rapidamente esse pequeno sinal de fraqueza.

Eu sabia o que eu queria.
Determinação queimando em minhas veias, coragem movendo meus músculos. Eu comecei a falar, inutilmente, claramente, apenas esperando por uma resposta que não viria.
-" Hey coisa oca, eu estou aqui, então pare de enrolacao e me diga o resultado final." - Diferentemente do que eu pensava, abismos não costumavam responder de um modo convencional, com a utilização de palavras coerentes e um dialogo racional. Ah não mesmo. Eles costumam ser mais discretos, utilizando sinais naturais ou uma espécie de telepatia. Deve ser algo adepto da natureza, eu conclui.

-"Bem, quer saber? Eu não me importo. Faca o que você quiser, me responda ou continue calado. O covarde não sou eu dessa vez." - Rajadas de vento atravessaram minhas palavras. Um calafrio ultrapassou cada uma de minhas vértebras. Eu tentei manter minha respiração em um ritmo saudável. -"Ora, ora, ora... Alguém esta surpreso então? Engula isso, seu estúpido buraco de pedras: eu não me importo! Quer que eu grite mais alto? EU NÃO ME IMPORTO!"

As palavras deram um eco sobre natural depois de proferidas.

Eu não parei.

-"Mas não fique Tao triste... Eu estarei aqui com você, esperando pelo veredicto final e tentando achar uma saída astuto para que eu possa finalmente me libertar das suas garras. Oh, pode ter certeza que eu estarei aqui. O tempo e curto não e? Então... Será fácil para nos dois nos aguentarmos por alguns dias. Eu estou preparada pra você. E se eu tiver que cair, eu realmente não me importo em fazer isso. De qualquer modo, a dor e inevitável e o aprendizado e essencial. Como vê, tudo acabara do modo que sempre acaba: dolorido e necessário. Não adianta antecipar a minha queda ou cantar a gloria do primeiro voo. As coisas serão exatamente do modo que devem ser. E por essa razão, eu não sinto medo algum. "

Cansada de gritar em vão, eu me joguei no pedregoso chão de mármore e brita que se encontrava na mais alta montanha de todos os montes Cárpatos da Roménia.

Eu encarei aquele céu de fogo, com o gélido ar do inverno que cobria a linda paisagem. Atrás das nuvens, havia um sol, tao gloriosamente irónico quanto lhe era possível, mas eu não me importei.

Então algo inexplicável aconteceu:Um sorriso.

Um estúpido sorriso. No meu rosto. Na minha alma.Como se eu mesma estivesse achando algum tipo de humor naquilo tudo.

Sinceramente? Eu acho que eu estava.

Algo havia renascido dentro de todas as minhas angustias e esperanças. Uma inspiração, uma coragem, talvez... Tudo que eu sabia, era que a historia estava apenas começando.

E no meio do silencio mortal, apenas uma voz era escutada.

A minha própria voz. Susurros de uma prece prestes a ser atendida.

-"Quando você olha demais para o abismo, o abismo olha de volta para você."

Nenhum comentário:

Postar um comentário