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domingo, 12 de maio de 2013

O Vale dos Sopros Uivantes

Que vida é essa, meu Deus?
Uma vida que me bate tanto que eu quase nem sinto mais a dor.
Uma existência que tem pontos brilhantes no horizonte nebuloso que o meu futuro se tornou. 

Não consigo me livrar das rimas.
Eu quero ser escritora, não poeta.
Mas não sei se é possível

Não, Sara.
Tudo que existem são os sonhos mortos espalhados no chão.
E tua alma presa num redemoinho de confusão.

Mas eu não quero rimas.
Vou estudar francês.
Pois digo que deves trabalhar.
E conseguir o dinheiro nosso de todo o mês.

Mas eu quero sonhar
O mundo ver
Pois digo que vem a fome
E a realidade vai te bater

Ego maldito, não me livro de ti?
É que tuas rimas não funcionam
Tu és criança boba
E os teus desejos não me enganam

Quem és tu, ó demônio da minha criação?
Sou filho do teu medo
Fruto do teu coração.

Pois vá embora, não te quero mais aqui
Já é tarde e tu és minha casa
Difícil será me fazer partir

Quero um amor que não se abale 
E um sol que não se ponha
Quero uma casa dourada
E livrar-me da vergonha

E os teus filhos que dirão?
Mas eles não existem, até então.
E os teus amigos que vão dizer?
Às expectativas de todos, não quero atender

Vai-te e pula, então Carlos
Mas Carlos não sou eu
Sei, teu nome és Sara
E és mais burra que Romeu

Romeu matou-se por amor
De burrice e coragem se perdeu
Eu nunca ei de encontrar Julieta
Para dizer-lhe quem sou eu

Vai-te e pula, então Sara
Desistiu, ó ser maldito?
Sei que nas voltas de vida vou te encontrar
Mas ai de mim, tu não vais me achar bonito!

Vou pegar minha mochila e fugir para o Vale
Mas teu lugar não é ali!
Deixa-me ir aprender francês
Mas és mais teimosa que um javali!

Sou brasileira nata
Mas essa língua me leva à poesia
No campus escondido
Que me desperta à fantasia

Estás apaixonada?
Acho que sim
Então tá explicado
O quê?
O por quê de escreveres assim.

Não entendo o que queres dizer.
Sou mais sábio do que imaginas.
Explique mais, não consigo entender
É o teu amor que desperta as rimas.

Vou-me embora, não quero mais ouvir
Pois não me dê as costas 
Pensei que estavas dentro de mim
Sou aquela coisa que tu chamava de prosa
E hoje não quer mais tanto assim

Prosa amada, volte aqui
Não, vou me mandar
Pois sinto tua falta!
Falasse isso antes de poesia eu me tornar!











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