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terça-feira, 9 de novembro de 2010

O vaso de porcelana

O grande Mestre e o Guardião dividiam a administração de um mosteiro zen. Certo dia, o Guardião morreu e foi preciso substitui-lo.
O grande Mestre reuniu todos os discípulos para escolher quem teria a honra de trabalhar diretamente ao seu lado.
- Vou apresentar um problema – disse o Grande Mestre. – E aquele que o resolver primeiro será o novo Guardião do templo.
Terminado o seu curtíssimo discurso, colocou um banquinho no centro da sala. Em cima estava um vaso de porcelana caríssimo, com uma rosa vermelha a enfeita-lo.
- Eis o problema – disse o Grande Mestre.
Os discípulos contemplavam, perplexos, o que viam: os desenhos sofisticados e raros da porcelana, a frescura e a elegância da flor. O que representava aquilo? O que fazer? Qual seria o enigma?
Depois de alguns minutos, um dos discípulos levantou-se, olhou o mestre e os alunos à sua volta. Depois, caminhou resolutamente até o vaso e atirou-o no chão, destruindo - o.
- Você é o novo Guardião – disse o Grande Mestre para o aluno.
Assim que ele voltou ao seu lugar, explicou:
- Eu fui bem claro: disse que vocês estavam diante de um problema. Não importa quão belo e fascinante seja, um problema tem que ser eliminado.
“Um problema é um problema; pode ser um vaso de porcelana muito raro, um lindo amor que já não faz mais sentido, um caminho que precisa ser abandonado – mas que insistimos em percorre-lo porque nos traz conforto. Só existe uma maneira de lidar com um problema: atacando-o de frente. Nessas horas, não se pode ter piedade, nem ser tentado pelo lado fascinante que qualquer conflito carrega consigo.”




Contos do Alquimista, Vol.1 - Paulo Coelho

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