Translate

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Que Mundo Maravilhoso!


Ja dizia meu querido amigo Louis Armstrong: Que mundo maravilhoso!

Ah, oi. Resolvi que nessa postagem eu vou fazer diferente: nao vou utilizar isso aqui ao estilo de redacao de vestibular com introducao, desenvolvimento e conclusao ou ficar fazendo uma dissertacao sobre um determinado assunto. Dessa vez, eu vou utilizar esse lugar como meu diario. Portanto, oi.
Hoje tem sido uma dia muito construtivo pra mim. Oh claro que nao foi um dia perfeito, mas posso garantir que esta sendo um dia infinitamente melhor que o de ontem.
A comecar pelo fato de que eu dormi bem a noite toda e me acordei no horario correto e fazia um bom tempo que isso nao acontecia. Depois, mais uma coisa que ha muito nao acontecia: Refrigerante no cafe da manha. E o pior de tudo eh que eu tomei coca-cola. Ah sim, aqueles terriveis 100 mls de capitalismo liquido que se encontram agora no meu organismo e serviram para compor a primeira - e mais importante - refeicao do meu dia! Mas melhor eu deixar de divagar e voltar ao meu relato.
Bem, como eu estava dizendo, depois do meu cafe da manha (ou seria coca-cola-simbolo-capitalista-da-manha?), eu fui para a faculdade! Nada de novo, ja que eu faco isso todos os dias. Como sempre,a manha de hoje estava gelida e mais uma vez eu me deixei ser enganada por esse friozinho falso que vem me assolar as 7:00 da manha. Sim, esse friozinho idiota que me faz sair de casa com um blusao e um casaco quente o suficiente por apenas 45 minutos. Acredite: esse eh o tempo medio que eu fico agasalhada, por que logo depois, enquanto subo as interminaveis escadas do predio de direito da puc, o calor vem pra curtir com a minha cara. Eh como se, enquanto eu tiro o casaco e caminho, o calor dissesse: "Eu te avisei que iria esquentar, nao avisei?". Pois eh, tu avisou.
Minha rotina matutina eh essa. Cafe da manha, frio, onibus, calor. Sempre assim. E eu chego ofegante na sala de aula, com um casaco enorme no braco e a mochila pesada pendendo do ombro oposto. A garganta seca e os pulmoes arfando: Tipica consequencia de uma vida sedentaria.
Entao foi assim. Eu tive aula de Ciencias Politicas no primeiro periodo (o que toma 90 minutos do meu dia), que fora assistida por no maximo 20 alunos do total de 70. E eu deveria ter feito parte dos outros 50, porque eles nao estavam se drogando ou algo do tipo( talvez ate estivessem mas eu realmente nao sei). Nao. Eles foram fazer algo que eu, desastrosamente tentei fazer ontem: Estudar para a prova de economia. Oh sim, como eu queria voltar no tempo. Se tivesse decorado tantos termos do meu caderno, provavelmente teria ido melhor naquela terrivel prova que falava mais grego do que qualquer livro sobre mitologia grega que eu ja tenha lido na vida.
Mas esquecamos disso, antes que a angustia e a preocupacao me impecam de continuar o relato. Bom, (espero do fundo do coracao que minha mae nunca leia isso) terminada a aula precocemente, uma vez que eu terminei a prova em 30 minutos, fiquei com a cruel duvida sobre o que fazer de minha vida naquela proxima 1 hora livre. Minhas opcoes: a) Ir para casa
b)Visitar minha amiga
c)Dar um tempo do mundo

Sempre quando eu solto cedo, volto correndo para a casa como se nada no mundo fosse mais importante do que ficar dentro daquelas lindas paredes. E ontem eu fui visitar minha amiga.
O que entao me sobraria para hoje?
Letra C - Dar um tempo do mundo.

Foi o que eu fiz. Ao inves de descer na parada que eu sempre desco diretamente para voltar para a casa, eu deixei que o onibus me levasse ate a setima ou oitava parada seguinte.
Entao eu fui caminhar.

Fui ate a praca mais proxima e me deitei naquela grama molhada e mal aparada. Na verdade, eu deitei na UNICA parte onde a grama estava mal aparada (Adoravel Infortunio?) e me mantive ali, observando o quase nao existente movimento. Observei as arvores, os poucos predios que sao vizinhos do lugar. Me deixei escutar um pouco da melodia que era tocada no violao de um cara cabeludo que parecia estar tocando para a sua namorada. Nao faco de ideia de que musica era, mas sei que o cara estava tocando e a menina, pela sua cara, estava bem satisfeita. Me deixei ficar sem pensar, sem ouvir musica no meu iphone e sem me lembrar de nada.

Apenas sentir.

Mas na praca tinha um homem que estava passeando com os seus dois cachorros. Um era marrom e pequeno e o outro era medio com manchas pretas e brancas. E o que aconteceu? Bem, com todo aquele imenso espaco oferecido pela praca, os caes tiveram a brilhante ideia de vir brincar de correr exatamente onde eu estava. O pequeno, ao perceber que eu estava ali, parou do meu lado e ficou me olhando como quem pergunta: " Hey, quer brincar com a gente?" enquanto o outro, um pouco mais afoito, correu tanto que se chocou contra mim, dando direto com o cranio contra o meu. E cara, aquilo doeu! Mas eu tentei me manter calma, enquanto tentava esquecer dos motivos pra ter medo de cachorros.
O dono dos dois simplesmente me olhou e disse: "Ah, eu nao sei por que eles fizeram isso, desculpa. Eles normalmente nao fazem isso com ninguem, devem ter gostado de ti."
Eu simplesmente disse que nao foi nada e deixei que o cara fosse embora com os dois cachorros sem me importar, tentando voltar pra minha observacao do mundo. E tudo foi engracado. Eu sorri, percebendo que caes sao criaturas tao puras e benevolas quanto aqueles que eu vi no parque. Percebi o movimento que as nuvens fazem no ceu, tapando o brilho do sol por alguns adoraveis momentos. Percebi a sombra que o sol faz na grama, deixando-a com um brilho diferente a cada 5 minutos. A sombra ia e vinha. Ia e vinha enquanto as nuvens se movimentavam em cima do astro rei.
Eu me encantei. Me assustei. E entao, agradeci. Uma especie de oracao nao orada, desinteressada. Apenas sentida.

E eu percebi que o mundo, apesar de todos os problemas, apesar de todo o azar ou tristeza, apesar de tudo que possa haver de ruim, continua sendo maravilhoso e encantador nas coisas naturais.

Eu sentia falta disso. Tinha me esquecido de como a solidao e a natureza me fazem bem, mesmo que seja apenas por 15 minutos. Havia me esquecido de que preciso disso pra me manter em equilibrio comigo mesma.

Talvez tenha sido por causa dessa "fuga solitaria" que a inspiracao tenha voltado a mim. Talvez isso tenha me feito refletir de novo e de novo sobre o quanto tudo pode - e deve - dar certo.

E por isso eu digo: Que mundo maravilhoso!

"Eu vejo os céus tão azuis e as nuvens tão brancas
O brilho abençoado do dia, e a escuridão sagrada da noite
E eu penso comigo... que mundo maravilhoso
As cores do arco-íris, tão bonitas no céu
Estão também nos rostos das pessoas que se vão
Vejo amigos apertando as mãos, dizendo: "como você vai?"
Eles realmente dizem: eu te amo"

Voce sabia das coisas, Louis.

Um comentário: