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terça-feira, 6 de setembro de 2011

Limiar da escuridão

O ronronar do gato assusta-me em meio à escuridão sinistra daquela madrugada de um agosto estupidamente frio. Os dedos, congelados, acompanham o corpo num espasmo de sobressalto agoniante por libertação.
O ser, monstro talvez, olha-me com uma sabedoria prévia. Observa-me com olhos de quem me conhece desde há muito tempo. O que quer de mim? Não... não ouso perguntar-lhe.
Mas o zumbido, o leve ronco que assombra meus pesadelos, continua em uma constante melodia a embalar meu sono perturbado.
Os grandes, frios e curiosos olhos amarelos continuam a observar meus movimentos.
Então eu tive certeza. Eu tive plena certeza de que aquele animal sabia quem eu era.
Desde sempre, talvez.
Talvez...
Talvez não se importasse. Talvez quisesse apenas dividir o calor de meu corpo e aquecer-se junto de mim.
Ou talvez...
Não... Que me importa o talvez quando a suposição desconcerta meus pensamentos?

Morrerei... morrerei.

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