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quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Don’t help me

Você sorri daquele modo extraordinariamente triste, que parece me despir inteira numa espécie de embalo melancólico em um mundinho insano cheio de dor e eu acho que estou começando a me viciar nessa sensação.

Por favor, não me leve a mal, mas há algo de errado nessa história. O sabor agridoce daquela língua frenética ainda se mantém imutável na minha memória. Se eu quase morro de calor agora, ainda que estejamos em uma temperatura de dezoito graus, a culpa é inteira e felizmente sua. Há quanto tempo eu não sentia isso? Dez anos? Não importa, nada mais importa. Por que é como se, de certa forma, eu já houvesse nascido pegando fogo. E a minha vida inteira de tédio e desastres e falta de reconhecimento não existiram. Essas imagens de mesmice e repetições fazem parte de um trailer sem graça de algum filme que eu vi e não me lembro mais.

Minha vida ganhou outra textura, meus sabores foram misturados, minha segurança plena recheada de sopros saudáveis foi substituída por uma insegurança repleta de fogos de artifício perigosos. Aquela claridade irritante que assassinava as minhas expectativas com turbilhões de uma realidade frustrante, de repente, não significa mais nada. Eu vejo só escuridão, uma escuridão repleta de pontos brilhantes e sons reconfortantes. Alguém segura a minha mão, me guiando enquanto caminho por passos incertos em um mundo desconhecido. E, pela primeira vez, eu finalmente sinto certa segurança em meio a esses percursos antes duvidosos. Não preciso mais de placas, nem de setas, nem de bússolas. Nem objetos mundanos, nem uma ciência decadente, nem nada meramente humano pode me salvar, por que já estou perdida.

E que perdição mais bonita!

Não me leve a mal, mas é que não quero ser salva.

Acredite ou não, nunca estive tão feliz por estar caindo.

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