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segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Garfield, Paramore e Hematomas

Hum... Estou sozinha em casa. E, bem, posso dizer que faz um bom tempo que isso simplesmente não me acontece. Hoje é segunda-feira. E eu estou sozinha em casa, olhando Garfield na sessão da tarde. Não tenho nada grandioso a dizer, mas quero escrever. Quero escrever por que ultimamente isso meio que se tornou apenas uma lembrança do que eu costumava fazer assiduamente há um tempo atrás. Quero escrever pra não deixar morrer em mim a menina ociosa e criativa cheia de histórias pra contar ao mundo. Quero escrever por que isso sou eu. Então, olá. Tudo bem com você?

Sinto saudade do tédio, aquele espaço de tempo infinito e arrasador que me tirava a paciência.  Sinto falta da liberdade de se ter todo o tempo do mundo pra fazer qualquer coisa idiota e, ainda assim, não ter nada pra fazer. Sinto falta de relações na internet, pessoas desconhecidas, timidez, balões, pureza, melancolia, evanescence, esperança, frango desfiado sem culpa, queijo derretido inocente, coisas que agora já não parecem mais as mesmas.
Não sei como funciona isso com os outros, mas comigo continua sendo confuso. Eu, que sempre fui uma sofredora da síndrome de Peter Pan. Eu que queria manter meu corpo de criança, abrir minhas asas e sair voando pelos portões celestiais da Terra do Nunca. Mas a vida não é assim. Depois que meus olhos se abriram pra certas coisas, nunca mais conseguirão fechar novamente. Isso é um problema. Nunca mais o Mc Donald's foi o mesmo pra mim. Vocês tem ideia de como é ruim não conseguir pensar num hamburguer sem sentir náuseas? E, pior do que isso, se sentir totalmente fora do lugar. Sempre reclamei de ser deslocada, excluída, diferente. Fiz de tudo para ser normal. E fazer de tudo, tornou-me exatamente o oposto.
Meu vídeo-game está empoeirado. Minha leitura atrasada. Minha alimentação vegetariana, corrompida pela economia escassa. Meu amor, sonolento. Minha raiva, anestesiada.
Quando explosões se tornam um estilo de vida, o tédio começa a parecer muito mais agradável. Agora posso escrever, por que não estou correndo. Agora posso ver sessão da tarde, por que não há nada mais que eu possa fazer por mim. Ficar atirada em uma cama desarrumada nunca foi tão doce antes. A grama do vizinho que trabalha, viaja, namora, festeja, bebe, solta de paraquedas e toca guitarra nunca me pareceu tão chata. Quero ser como aquela senhora tranquila que mora no final da rua e passa o dia fazendo tricô ou cantando bossa nova com seus gatos. Quero ser como uma andorinha a assobiar no seu ninho. Quieta, pacífica.Quero que a única explosão da minha vida, seja do ócio dentro do meu estômago.E que essas borboletas parem de sapatear e que meu coração volte ao normal.
Depois de um mês inteiro de férias regada a música alta, amizades novas, início das aulas, trabalho corrido, namoro esgotado e uma vida que não me deixa tempo nem para respirar, tudo que eu mais quero é uma tarde com Garfield e Odd me fazendo rir de piadas que não tem mais graça.
Tédio, meu amigo. Meu corpo exausto te oferece trégua.


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