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terça-feira, 22 de novembro de 2011

Onde estás?

Não adianta, não dá pra ler nada. Eu quero escrever. Ai meu Deus, eu quero escrever tanto, a ponto de meus dedos sangrarem de tanta força. Eu quero chegar no fim do dia com o corpo exausto e o coração palpitante de alegria naquele sentimento abençoado de sublimação. E há nesse exercício um prazer tão complacente, tão misterioso, que me engana, me grita, me usa. E eu, nos recônditos do meu estômago, escondo borboletas que brincam enérgicas na possibilidade de se tornarem bailarinas da minha próxima peça. Oh Shakespeare, onde estás tu para ser o meu Romeu moderno? Oh Lispector, onde estás tu para ser minha dama de honra?

E eu pego o livro com as mãos sedentas, mas não, não consigo me concentrar, não dá, não dá! Quero criar. Quero escrever. Sentir que faço alguma coisa. Sentir que dentro, lá no fundo mesmo, se revoltam figuras e mundos e explodem coisas que precisam ser exteriorizadas. Era isso. Era o isso o que me faltava. Estava triste e agora não estou mais. Oh Goethe, onde estás tu para sofrer as desilusões comigo? Oh Machado, onde estás tu para me pôr de volta à realidade? Quero, quero. Quero tanto... Que não sei direito o que querer.

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