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quarta-feira, 9 de maio de 2012

São elas!

São elas. Todas elas e seus vestidinhos engomados, floridos, cuidados. São elas. O câncer da revolução feminista. A vergonha de anos de luta. São elas. Minhas amiguinhas que se submetem às regras da sociedade sobre o que deve ou não ser feito.

- Então, vamos sair?

- Não posso.

- Por que?

- Meu namorado não deixa.

- Minha filha, eu to pouco cagando pro teu namorado. Eu to pouco me lixando pra o que mente pequena e imatura dele fica pensando sobre você. Voce é melhor do que isso. Nós, somos melhores do que isso.

- Não, não. É que eu gosto de ser submissa. É por amor.

- Amor?

- Amor não condena. Amor não prende. Amor não desconfia. O amor, minha estupida amiga, liberta. Te liberta de todo o preconceito, de todas as correntes, de todas as opiniões. Não são as probabilidades que demonstram quem tu é. São as escolhas. Então não me vem com esse papo de que o amor prende, por que não prende. E submissão é a disseminação de anos e anos de uma cultura machista que te faz acreditar a se submeter ao desejo masculino. Vem, vamo curtir a noite comigo.

- Não, não. É por amor sim. Eu o amo tanto que não faço nada da minha vida só por ele.

Me acalmei, desliguei o celular na cara dela e fui bater em alguma coisa. Por que bater em amigas idiotas, não funciona. O cara faz uma lavagem cerebral tão grande, que elas nem se importam com nada. De que adianta? Eu nem queria mesmo. Tenho mais amigos, tenho mais opções. Mas que pena que ela não pode. Que pena que ela ta presa. Eu fico triste por ela, não por mim. Enquanto ela ta algemada ao gostosão lá, eu tô aqui, cada vez mais distante de alguém que seria pra sempre. O pra sempre é isso? É ter chá na casa dela as 4 da tarde de algum sábado, por que é o único dia em que o querido estava ocupado demais pra sugar a vida dela? É ver os planos eternos de amigas "a la sex and the city" se dissipando no universo, por que um idiota qualquer roubou a liberdade e o cérebro dela?

Sei lá, acho que o pior é ter que ouvir que isso tudo é por amor. Amor não é isso não gente. Eu não sou perita nem nada, mas não precisa ser um gênio pra saber que amor não prende. Qual o problema de vocês? Não, qual o problema delas? Foi por isso então, que as minhas heroínas queimaram sutiãs na praça? Sério, que chato. São elas. Minhas amigas que se tornaram bonecas de porcelana, enfeitando o mundo errado. São elas. A razão do meu desprezo. Tô de mente fechada mesmo, pra qualquer espécie de submissão. E não aceito opiniões diversas. Santa viseira que me obriga a olhar pra frente!

- Alô?

- Oi, é a Sara. Tu tá livre na sexta?

- Tô sim. O Joãozinho foi pra Floripa com uns amigos. Quer vir ver algum filme?

- Não, vamos sair.

- Não dá. É que eu respeito muito ele.

Desligo, de novo.

Tô sem a mínima tolerância pra gente submissa.

 

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