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sábado, 14 de abril de 2012

Sábado pra Ferrar

Acordei hoje percebendo que ia ser um dia terrível. Terrível por que quando chove sempre me bate saudade. Terrível por que o meu dedão do pé tava latejando de dor, depois da maldita unha ter resolvido ficar encravada na carne dele. Terrível por que o gosto na minha boca tava mais azedo do que nunca, depois daquele saco enorme de doritos que eu nem queria comer, mas comi pra tentar esquecer que não gostava de doritos. Terrível por que, hoje, logo hoje, o meu útero resolveu se desfazer de todo o lixo que tem guardado desde o ultimo mês e me presenteou com o rio vermelho que jorra das entranhas da maldição feminina. É, hoje eu acordei e pensei: "Ferrou". Por que sempre ferra mesmo, em todo o sábado. E eu ia na igreja, mas resolvi não ir. Depois resolvi que ia mesmo. Mas decidi que não vou. Não vou por que ta chovendo, por que a maldição feminina me pegou e o meu dedão do pé ta latejando. Não vou por que nunca consigo ir mesmo, e Deus já deve ter cansado das minhas promessas falsas de que vou na igreja só pra depois não ir.

Hoje eu acordei muito, muito afim de olhar o meu facebook e saber que que é que deu depois de toda aquela baboseira sobre "eu te vejo e depois não te vejo mais e acho que o fim a gente não vai se ver mesmo". É, toda a baboseira de "vamos salvar nossa relação" acabou por ficar esperando por ações que não virão. E tudo vai acabar na mesma merda da mesmice de sempre. Mas hoje, hoje é um dia que veio pra me ferrar. Pra me ferrar com toda a saudade que eu sinto do jeito que ele me olhava. Pra me ferrar com todo o medo que eu sinto de sentir essas coisas de novo. Veio pra ferrar com o meu plano infalível de não comer mais carne, só por que tem uma lasanha de frango dentro da geladeira que ta me fazendo salivar. Pra ferrar com todo o meu objetivo elitista de decorar todos os livros de direito que eu não tenho o mínimo saco pra ler. Pra ferrar com a minha vontade louca de chorar vendo "O morro dos ventos uivantes" pela centésima vez e depois perceber que eu não to com a mínima vontade de ver aquilo de novo. Pra ferrar com a minha frieza que só tem conseguido ser quente nos últimos tempos.

Daí eu acabo de lembrar que to morrendo de fome. De novo. Só pra ferrar com a minha teoria de que se a gente comer pouco vai ficar mais ligado na vida e coisa e tal. Sábados como esse são aqueles típicos dias que vem pra ferrar com a vida da gente. E, no fim, só serve pra avisar que amanhã vai vir um domingo pior ainda. Todo cheio da vontade de ferrar com meu final de semana já ferrado. E eu me pergunto, pela centésima vez, por quê? Por que eles gostam tanto de me atormentar com todo esse papo de que tudo vai dar certo e dane-se o que passou? Poooooooooooooooor quêeeeeeeeee heeeim?

Silêncio.

Silêncio é a única resposta que eu sempre recebo.

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