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quinta-feira, 22 de março de 2012

Escrever é...

É ser milhares de pessoas diferentes em apenas um minuto. E se apaixonar por todo tipo de pessoas, como se tivéssemos nascido ontem. É criar o cara perfeito, a menina perfeita. É se apaixonar pelos traços tortos do personagem principal, pelo cabelos crespos da menina excluída. É fazer festa todos os dias, em qualquer lugar, sendo quem bem entende. É poder desligar os sentimentos, a consciência e a maturidade por um minuto, apenas pra cometer todos os erros do mundo sem ter feito absolutamente nada. É se sentir culpado, triste e solitário, mesmo estando rodeado de pessoas incríveis e uma vida estável e feliz. É ser mulher, menina, político, vendedor, barbeiro, assassino, anjo, vampiro, namorado, quarentona, adolescente, homem, mutante. É ser exatamente o que quiser na hora em que quiser. É ir dormir imaginando tudo sobre o que escreveu, tudo sobre o que ainda pode escrever. É acordar no outro dia e pegar a primeira caneta que vê na frente apenas pra escrever uma frase de impacto que surgiu as três da manhã e, por sorte, não esqueci.

É amar, odiar, chorar, revoltar, criticar, elogiar, saber. É ter a liberdade de brincar de Deus, criando mundos e pessoas ou coisas que não são pessoas. É matar, parir, beijar, dançar, correr, viajar, surpreender. É estar em casa, de frente para um computador enquanto alguém faz exatamente tudo o que quiser no meu lugar. É voltar nos anos cinquenta, viajar pro terceiro milênio. É ser gay, ser racista, ser comunista, ser camarada. É uma paixão, um estilo de vida, um vício, uma virtude. É uma das poucas coisas que dá um sentido nessa vida pacata.

Engraçado... As pessoas costumam ter um doutor particular, um advogado particular, um professor particular. Eu queria ter um escritor particular. Alguém que escrevesse única e exclusivamente para que eu lesse. Egoísmo? Acho que sim. Sim, sim... Sou minha própria escritora particular. Não, não escritora. Caloura, novata, leiga. Sim... Escrever é deixar de ser eu e me tornar em alguém muito melhor, muito pior, muito mais ou menos, muito muito. É confundir quem lê, é não separar as linhas entre o que eu queria ser e o que eu não queria ser e o que eu de fato sou e o que eu deveria ser. É protestar sem armas, é brigar sem punhos, é discutir sem falas. É amar sem amor, trair sem culpa, acasalar a noite toda sem perder a virgindade. É uma viagem em três dimensões para o qualquer lugar. É tudo, é tudo. É ter tudo e não ter nada. É o meu passaporte ilimitado pra Disney, pra Amsterdã, pra outra galáxia. Meu Deus, escrever é tão maravilhoso que quase nem sei. Quase nem sei!

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