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sexta-feira, 16 de março de 2012

Macacos rastejantes

Eu tava aqui, perdida entre tragédias e amores quando me dei conta de uma coisa: Tudo muda. Precisei forçar minha vista e meus neurônios até aceitar isso, até aprender isso. Tudo muda. Que louco, cara! Desde quando o pirralho do meu primo tem essa voz, essa altura, esses músculos? Desde quando eu tenho essa voz, essa altura, esses músculos? Ora, desde que mudamos! Não sei exatamente como foi, mas sei que aconteceu. E isso me ajudou a perceber que, apesar de tudo, eu não sei lidar bem com essa coisa de mudar. E eu não sei lidar bem com a teoria Darwinista da readaptação e essa história de que os mais adaptados sobrevivem. Mas não importa, por que isso é verdade. É tudo uma questão de se adaptar. E enquanto a gente se da conta disso, o tempo passa e vai mudando tudo de novo e de novo e mais uma vez.

Temos que ser como camaleões, usando camuflagens em qualquer meio como uma forma que a natureza tem de esconder nosso medo de pisar em uma estrada de ovos. Temos que vestir roupas e joias e todos os quilos de maquiagem do mundo pra não ter que lidar com corpos frágeis que não reluzem como diamantes nem rasgam fácil como o algodão. E, se pararmos para ler Thomas Morus, nos daremos conta de toda essa estupidez que é a nossa vontade nata de ter um status que nunca existiu. Como se fosse necessário andarmos com placas e sinalizadores que dizem "Eu estou bem e sou mais feliz, bem sucedido e estiloso do que vocês". Por que Thomas Morus, na sua genialidade camponesa, nos deu, há uns 300 anos atrás, a mínima noção do que a sociedade quer e de como somos idiotas por nos prendermos a isso. E olha que foi há uns 300 anos atrás mesmo. Quer dizer, ou o cara era vidente ou ele tinha um QI extremamente invejável para nós, neandertais da revolução tecnológica. Honestamente, eu prefiro acreditar na segunda opção. Somos burros demais, quando comparados a qualquer filósofo da Idade Média. Nos escondemos atrás de computadores e medicamentos avançados e células-tronco e cânceres, quando uma boa parte da verdade está escondida na mente póstuma de milhares de tuberculosos e porcos atacados pela peste negra.

Mas o que resta, afinal? Camaleões carregando cargas pra sustentar nas costas todo o peso da corrupção burguesa? Milhões de mascarados cobertos de ouro e diamantes e prata e crucifixos e teorias religiosas tentando achar um lugar ao sol? Macacos usando sinalizadores mal escritos no semáforo de alguma avenida principal, no meio de toda a poluição e arrogância urbana tentando parecer mais humanos e dignos de respeito como todos os outros? Ou será que somos apenas seres rastejantes que se reabastecem de uma grama verde e suja que só dá sonhos a quem explora os mais famintos? Somos tudo isso e muito mais, meus camaradas. Somos Russos perdidos pela União Soviética, que não sabem o mínimo de história política, mas podem dar qualquer mísero e inútil palpite sobre isso. Somos Che Guevaras gritantes por uma revolução de... de... de que mesmo? Somos camaleões mascarados de macacos que rastejam pela união soviética gritando frases do Che Guevara sem ter a mínima noção do que isso significa.

Ou podemos ser apenas humanos. O que, no fim, dá na mesma.

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