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terça-feira, 20 de março de 2012

Recado para o meu amigo Bundão

Se não houvesse esperança, não estaríamos lutando.

Acabei de ler isso e me dei conta de algo crucial para a minha existência: Eu menti. Menti pra todo mundo. Pra minha mãe, pros meus amigos, pra ti e até pra mim mesma. Menti, menti, menti e mentiria de novo. É, eu sei que é pecado e tal, mas foi inevitável. Na verdade, eu nem percebi na hora. Sabe quando a gente mente e acredita na própria mentira? Pois é...

Ahhh, não me vem com essa conversinha de que tu nunca mentiste. Acabaste de mentir ao dizer isso, mentiroso! É, eu tô te chamando de mentiroso. Mas , me diz, qual foi a tua pior mentira? Quando foi a ultima vez que tu mentiste tão bem pra todo mundo que se convenceu disso? Em? Me responde! É difícil né? Eu sei... Eu sei...

Sabe sobre o que eu menti? Foram sobre muitas coisas. Mas, principalmente, sobre ter desistido. Eu não desisti. De nada. Nadinha mesmo. Eu disse e redisse que era a pessoa mais fria e intolerável do mundo e era mentira. Eu me convenci de que não me importava com coisa nenhuma. E era mentira. Por que eu me importo. E eu acredito. E eu tenho uma esperança que nunca, nunca me abandona. Por que todos os dias eu me acordo às seis da manhã, com aquele gosto de folha seca na boca e um enorme peso nas costas sentindo uma vontade enorme de gritar que eu não quero fazer mais nada da minha vida e que nada vale a pena. Mas sabe por que eu me levanto? Por que essa mesma pessoa vazia, desiludida e teimosa me diz que eu não sou covarde e que eu não vou ficar na cama. Não importa o que aconteça, eu não vou ficar na cama. Nem no chão, nem no poço, nem em qualquer lugar que exija inércia e desistência. Eu não vou desistir, eu nunca desisti. Por que toda vez que eu tropeço nas ruas, toda vez que meus olhos ardem de sono, eu me lembro que tô lutando por alguma coisa. Alguma coisa que ainda é muito vaga pra mim, mas mesmo assim eu luto. Por que lutar só por irreverência já me basta. Não preciso de grandes explicações nem de objetivos escandalosos. Só de uma vontade inata de continuar até o fim. Só pela curiosidade de saber até onde vai chegar. Só pela vontade histórica de ser feliz. E eu não sei ao certo o que é ser feliz, mas eu quero muito ser. E eu acho que sou, às vezes. Principalmente pela manhã, com aquele gosto azedo de saliva parada.

Mas e tu? Tá mentindo pra ti mesmo que desistiu de tudo também? Ta mentindo pra ti mesmo que a vida é uma bosta e a gente só nasce pra se dar mal? Tá fazendo teatrinhos de alguém descolado só pra ter migalhas de atenção de pessoas que mal te conhecem? Fala sério! Pode mentir pra quem tu quiser, mas eu... Ah, eu tu não me engana. Não mesmo. Então, por favor, para de se comportar como um idiota e levanta a tua bunda flácida da cadeira pra lutar por alguma coisa. Mesmo que tu não queira se convencer disso. Mesmo que tu me odeie por esfregar isso na tua cara. Vai lá, bundão. Vai ser gauche na vida! Me deixa ser o anjo torto que ainda tenta te levantar. Vai lá, vai lá fazer tua novela de quem é feliz sem ser feliz. Mas depois não vem choramingar dizendo que eu não avisei. E quanto a mentir... Cá entre nós, não adianta nada, né?

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